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quarta-feira, 10 de março de 2010

ESCRITOS Online






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Coletânea de comentários críticos


Por sugestão de alguns amigos, organizei e publiquei em livro centenas de comentários que postei em vários sítios na Net (http://www.escritartes.com/forum/index.php/board,2.0.html , http://www.luso-poemas.net/modules/news/, http://www.blogger.com), ao longo de quase três anos, de 2007 a 2010, sobre dezenas de autores lusófonos, dispostos por ordem alfabética, de A a Z.

Sem falsas modéstias, parece-me um trabalho pioneiro a ser seguido por quem não desfaz e não se desfaz dos escritos na Net, dedicando imensas e boas horas à comunicação e à aprendizagem online.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Abraçado a uma puta

A luz fraca não deixava ver a cor das flores
O mofo fantasma da rua da morgue
Entranhado nas asas de bronze
Do anjo triste como o horizonte
Perguntava sem ironia
Que andava ali a fazer
Enamorado da alegria
Enamorado triste
Sem esperança
Abraçado a uma puta
Que fazia acreditar
Que ainda havia
Mistérios a desvendar.

sábado, 6 de março de 2010

Não sei se me perdi

Não sei se me perdi
Em devaneios

Não sei se me perdi
Em realidades

Não sei se me perdi
Por não ter meios

Ou se me distraí
Com as vaidades

Não sei se me perdi
Por ter receios

Não sei se me perdi
Por ter coragem

Não sei se me perdi
Em mil enleios

Ou se me confundi
Com uma imagem

Não sei se me perdi
Se me encontrei

Não sei o que perdi
Ou que ganhei

Só sei que resisti
Que acreditei

E sei quanto senti
Felicidade

Não sei se me perdi
Se estou perdido

Não sei se me perdi
E é verdade

Não sei se me esqueci
De ter vivido

Mas sei que já morri
Por ter saudade.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Não vejo que morreste

Nem sei por que vou por aí
Chove e tenho sono
Estou doente
Não busco nada
Nem luz nem saúde
Nem significado
Devia estar em casa
E estou na rua
Devia estar vivo
E estou a morrer
A passos largos
Para o teatro na escuridão
Devia regressar
Retroceder
Mas não o faço
Nunca o fiz
Como nunca dei valor
A ser feliz
Passo pelos monumentos
E não os vejo
Pelos sítios onde havia monumentos
E não vejo que os tiraram
Pela casa onde moravas
E não vejo que morreste.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Mulher bonita

O que é uma mulher bonita?
Toda a gente sabe
Mas quem o sabe dizer?
Não és completamente real
E do real
A minha ilusão é imperfeita
Reconheço em ti
A parte que devasso
Até ver que o faço
Sob suspeita
Por te ter aqui.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Sedutora

Trazes nas mãos
Campos de flores
Sem fim
De leitura repreendida
Séculos de dissabores
Do saber da vida
Corpo sonhado
De amor mais nu
Que um livro ignorado
Que sonho és tu?

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

A força do vento

Sobre as águas tristes do lago
O pálido clarão da tarde de Inverno
Lembra-me a mais triste de todas
Algures na Primavera
Ou no Verão
Ou no inferno
Num pano de fundo viscoso
E macerado
O cheiro a pólvora queimada
No ar estagnado
E o poeta
Como uma esfinge morto
De um único pensamento
estava absorto
Com a força do vento.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Duas palavras de dor

Há uma terra no coração do cantor
Que cobre o cadáver da sua amada
E eu escrevo duas palavras de dor
No chão da história negada
Dor que já ninguém sente
Pois que é só imaginada
Dor ainda mais dolente
Porque já não diz mais nada.