Vi-vos passar
com os olhos cheios
de luzes
e as mãos quase sempre ocupadas
por objetos
ofuscados por promessas
alheios ao esplendor dos grifos
e das águias nas alturas
planando sobre o eco dos vales
e a sombra das suas asas
projetada pelo sol nos rios
ninguém vos culpe por não verdes
o mundo
ensinou-vos a correr antes de olhar
mas aqui debaixo desta pedra
onde já não corro nem quero
não me interessa ter razão
nem espero que alguém
algum um dia
pare para levantar os olhos
e a seus pés
neste lugar esquecido
acenda uma vela
e deixe uma luz
a tremer
entre o que foi dito
e o que ficou por dizer.
Carlos Ricardo Soares