Avistamos finalmente
Com grande emoção
Uma águia cujo voo culminou
No penhasco sobranceiro
A um lugarejo muito escondido
A quilómetros de distância
Aonde já não chegaríamos
Nos próximos dias
Quase ao cair da noite
Aquele avistamento era algo
Em que não deixávamos de pensar
Todas as nossas ideias eram acerca
De como lá chegar
Ao mesmo tempo que suspeitávamos
De muitas incógnitas
Do que nos esperava
Porque não sabíamos nada acerca
Daquele lugar
Nem do sítio onde estávamos
Nem dos sítios por onde já tínhamos passado
Nunca nos cruzamos com alguém
Que nos pudesse contar
Onde encontraríamos uma casa
E quão longe estávamos de tudo
No escuro da noite
Um de nós começou a chorar
Primeiro uma lágrima silenciosa
Depois num incontrolável soluçar
Audível ao longe
Em ecos lancinantes de alcateias
Que em sobressalto
Se puseram a uivar.
Carlos Ricardo Soares