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sexta-feira, 18 de novembro de 2022

Tempo de viver

Nada há que possa levar

Nenhuma verdade no alforge

Nenhuma fantasia disfarçada

Nenhuma amargura predileta

Nenhuma vontade frustrada

Nem ódio de estimação

Ou alegria

Nada

E não é por prémio

Sorte de paixão

Por castigo ou dever

Que nada levarei

Mas também nada

Nem mulher

Que tanto adorei

Me levará

Porque não irei

Estarei ausente

Da fortaleza

Da cidade morta

Sem me render

Isso eu sei

Baixo os braços

Ao vento do planalto

Que sopra sem perceber

Os passos em sobressalto

Dos escaravelhos

No momento de ceder

Como quando velhos

Sem alternativa acaba

O tempo de viver.