Indo ao encontro das objecções de alguns leitores amigos, retomo o assunto de um texto anterior, para tentar esclarecer dúvidas.
A minha teoria assenta no pressuposto de que não há racionalidade se não houver consciência
e de que a consciência se manifesta por sinais de racionalidade.
O meu conceito de racionalidade, por sua vez, pretende depurar o uso corrente e indiscriminado de racionalidade, razão, racional, irracional, cujas cargas valorativas tendem a confundir racional com razoável,
fundamentado, lógico, bom, certo, verdadeiro, pensado.
O meu conceito de racionalidade não se restringe a uma racionalidade no sentido humano de racionalidade acerca da(s) racionalidade(s) uns dos outros, mormente da racionalidade discursiva, entendida como razoabilidade
ou boas razões para. Este conceito de racionalidade deixa de fora os animais.
O meu conceito, diferentemente, supõe que a racionalidade é, não um produto cultural, característica de um produto cultural, mas uma faculdade natural dos seres humanos e, numa acepção
mais alargada, dos seres vivos.
Para simplificar, racionalidade, neste meu entendimento, é a faculdade que temos de distinguir as coisas e de reconhecer ou de estabelecer relações entre elas, qualquer que seja a distinção e a relação
que possamos estabelecer, qualitativa, quantitativa, real, hipotética, ilusória, valorativa, matemática, sensitiva, cognitiva, musical, sensorial, numérica, geométrica, moral, etc..
Nesta
acepção, tanto é racional distinguir um quadrado de um triângulo, como distinguir o amarelo do azul, ou relacionar o número 10 com o número 2. Se conseguimos estabelecer um rácio
entre o quadrado e o triângulo, ou entre o 10 e o 2, também conseguimos estabelecer um rácio entre o amarelo e o azul. Independentemente dos rácios que sejamos capazes de estabelecer, a racionalidade
é essa faculdade de discernir.
Ora, só é possível discernir coisas diferentes, qualquer que seja a causa dessa diferença. Sem a consciência julgo que tal não é possível.
Daí eu dizer que a racionalidade e a consciência são como duas faces de uma moeda transparente.
Devemos ter em consideração esta concepção de racionalidade como função natural que opera tanto nas crenças religiosas como noutras quaisquer.
Devemos ter em consideração esta concepção de racionalidade como função natural que opera tanto nas crenças religiosas como noutras quaisquer.
Por outras palavras, não direi que algo, seja o que for, torna a escolha racional, digo é que a escolha é racional, independentemente daquilo sobre que incide.
O que torna racional a escolha não é o ser adequado ou ter justificação de um qualquer ponto de vista, subjetivo, ou objetivo.
Por outras palavras, não direi que algo, seja o que for, torna a escolha racional, digo é que a escolha é racional, independentemente daquilo sobre que incide.
Devemos ter em consideração esta concepção de racionalidade como função natural que opera tanto nas crenças religiosas como noutras quaisquer.
Devemos ter em consideração esta concepção de racionalidade como função natural que opera tanto nas crenças religiosas como noutras quaisquer.
Por outras palavras, não direi que algo, seja o que for, torna a escolha racional, digo é que a escolha é racional, independentemente daquilo sobre que incide.
O que torna racional a escolha não é o ser adequado ou ter justificação de um qualquer ponto de vista, subjetivo, ou objetivo.
Por outras palavras, não direi que algo, seja o que for, torna a escolha racional, digo é que a escolha é racional, independentemente daquilo sobre que incide.
Por exemplo, quando se objeta «há muita coisa que não vem de um processo consciente» que «são muito
influentes em crenças e elementos culturais» não se está a reconhecer que a minha teoria não põe em causa que a maior parte daquilo que somos e fazemos, desde nascer, respirar, dormir, crescer, pensar, etc., precede a consciência e
até pode prescindir dela, exceto talvez pensar.
A minha tese é que, quando alguém faz uma escolha, isso deriva de um processo em que houve consciência,
pese embora poder haver graus de consciência, e houve avaliação, com a tal faculdade de estabelecer rácios e houve execução (entenda-se executar como concretização da
escolha, que pode ser meramente mental, sem manifestações exteriores de comportamento).
O que torna racional a escolha não é o ser adequado ou ter justificação de um qualquer
ponto de vista, subjetivo, ou objetivo.
Carlos Ricardo Soares