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sexta-feira, 19 de março de 2021

Crentes e ateus

Há ateus que não permitem que serem ateus os incompatibilize com os crentes. Por exemplo, que sentido faria humilharmos a nossa mãe porque se sente feliz a rezar o terço pela nossa saúde? Ou pela paz do mundo? Ou pelo perdão dos pecados? Ou pela superação da nossa ignorância?

Os ateus não têm respostas, ou, pelo menos, melhores respostas do que os crentes para as questões a que aqueles respondem com a fé.

Os crentes colocam Deus no ponto de partida e os ateus não o colocam, em ponto nenhum, nem no ponto de chegada. Mas estão todos perante o desconhecido. Desconhecido, nesta matéria, significa mesmo que ninguém sabe, se bem que os crentes afirmem um tipo de conhecimento metafórico, adjectivo e analógico.

Não é como alguém dizer que não conhece a Condessa de Ségur, confessando a sua ignorância.

O problema dos crentes é que os ateus não têm razões para crer no que eles acreditam e não são capazes de lhas darem. Mas os ateus têm razões, muitas, aliás, para crerem que os crentes são pessoas de boa fé.

O problema dos ateus, no entanto, é que há falsos crentes e esses não são pessoas de boa fé.

Os crentes, por sua vez, têm muitas razões para crerem que os ateus não se dizem ateus só para os importunarem e porem à prova a sua fé, ou seja, os crentes têm razões para pensarem que os ateus o são de boa fé.

Agora, a questão é a seguinte: faz sentido que haja um ateu de má fé?