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quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Livros e bibliotecas

Esta sensação de que, embora haja imensos livros e bibliotecas, o mais importante ainda está por ler ou escrever... 
Uma parte da sabedoria estará em resistir à tentação de pretender ler tudo ou escrever tudo. 
Cada vez mais me contento com ler e ouvir, em cada momento, aquilo que faz sentido, dentro do quadro de sentidos que a vida permite.
Sem dúvida, a literatura é o caminho, apesar de ser o caminho mais desamparado e mais solitário. 
Mas é o caminho por onde todos podem seguir, se quiserem, basta saber escrever, nem é preciso saber escrever de certo modo, porque a literatura é aquilo que cada um quiser escrever. 
Este direito e esta liberdade, que eu saiba, só existe na literatura. 
Até os cientistas e os filósofos e os engenheiros e os médicos, e os artistas, em geral, incluindo os políticos, deviam perceber (muitos percebem e sabem muito bem) que a literatura é o reino em que cada um pode ser rei, o paraíso em que cada um pode ser deus, o inferno em que cada um pode ser demónio, o mundo em que cada um pode ser sábio. 
É o maior desafio intelectual, e não só, porque os seus domínios não conhecem limites que não sejam os da criatividade, conhecimento, sabedoria, arte, de cada um.

domingo, 11 de agosto de 2019

A poesia está para além das estrelas e leva-as

A poesia está para além das estrelas e leva-as para lugares onde elas não podem estar, mas fazem falta. 
A poesia está para aquém das estrelas e trá-las para lugares e momentos em que não seriam poéticas, se não fosse a distância. 
A poesia das estrelas e a ciência das estrelas não se prejudicam, mas se quiseres fazer um poema sobre o sol é inútil reproduzir o que a ciência diz no respectivo manual. 
E, se quiseres explicar o que é o sol, podes precisar de citar/escrever apenas um poema... 
As estrelas e o astro... sol... não são poemas, nem são ciência, mas as estrelas da minha noite e o sol do meu paraíso, ou inferno, podem ser mil poemas...

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Ler e Escrever

Ler, quando não é obrigatório, é uma actividade cheia de implicações e de significados. O que me leva a ler, não qualquer coisa, mas o que leio, pode ter as respostas mais surpreendentes sobre quem eu sou através do que sei, penso, desejo, quero.
Este conhecimento pode (ou não) interessar a mais ninguém, nem à polícia, nem aos vendilhões, nem aos crocodilos, mas pode ser de suma importância para mim. Se eu reflectir sobre isto, só tenho a ganhar (dinheiro não é tudo).

Escrever...Ah, escrever, "falar sem ser interrompido". 
Explorar, sem limites senão os próprios, tudo e mais alguma coisa, ser deus...
O maior desafio intelectual, político, ético, social...
Sentir-se desafiado, mas não como o touro, que "estupidamente" se deixa cegar pela cor, sendo toureado e farpado até à exaustão, para depois ser assassinado na arena com um gesto de desprezo do matador, cobarde, mas que simboliza o gozo humano em sacrificar...
A vida é feita de sacrifícios (ao sagrado). Não há outra possibilidade. Escolher, a todo o momento, é sacrificar. Não se pode ter tudo...
Escrever é sacrificar imensas coisas, imenso tempo, imenso...Escrever é sacrificar para não ser sacrificado e, só por isso, vale todo o sacrifício.

Não no sentido de "sacrifica-te e ficas desonerado", como quando vais ao psiquiatra, ou à farmácia, ou à igreja, ou à caixa das esmolas... e largas o dinheiro ao santo em que acreditas...Ou fazes aquela viagem obrigatória... ao santuário...Como se o preço te desonerasse de tudo o mais, como se tudo fosse uma questão de preço (sacrifício) a pagar...

Mas no sentido de teres de escolher (gastar o dinheiro/tempo que tens) entre uma coisa e outra, quando ambas são importantes para ti, mas só podes comprar/ter uma delas. E teres de escolher sem teres qualquer certeza ou garantia de essa ser a melhor.