Parece-me que há duas questões a considerar: a história, do ponto de
vista científico do historiador, e a história enquanto objecto de julgamento,
por ser acção humana e toda a acção humana ser susceptível de submissão a algum
tipo de julgamento.
Quanto à averiguação e determinação dos factos, esta não deve, de modo
algum, ser contaminada por preconceitos, prejuízos ou subjectivismos, valorativos
ou outros, porque isso poria em causa a credibilidade e a validade dos mesmos,
pelo menos nos aspectos em que os factos tivessem carácter mais descritivo ou
narrativo.
Quanto a julgar a história, talvez mais importante do que conhecer a
história seja conhecer a história para podermos julgar a história e encontrar
responsáveis, os culpados e os bons, credores do nosso respeito e apreço.
Mas o julgamento da história não pode deixar de ser feito, quer à luz dos
valores e demais circunstâncias do tempo em que ocorreram os factos, quer à luz
dos valores actuais.
Não se trata de ignorar ou de apagar a história, bem pelo contrário, é
necessário conhecê-la para podermos julgá-la.
E, para podermos julgá-la, é necessário adoptar critérios e aplicá-los.
Não serve um qualquer julgamento. Só é admissível um julgamento justo. Que
possa contribuir para a visão verdadeira, como a única que nos poderá ajudar a
evitar e impedir más escolhas.