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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

A ética como factor perturbador do objecto de conhecimento

Apontamos para horizontes que serão alcançados mas, por enquanto, sobrelevam lutas tribais por domínios e liberdades que são negados aos outros. É a realidade, é a biologia e o cérebro a funcionar. São os determinismos da natureza. 
Mas, então, porque continuamos a acreditar que somos capazes de perceber que os outros procederão como nós e que o egoísmo é um suicídio?
Vivemos num tempo assustador. porque é necessária, cada vez mais, atenção e desconfiança, por parte de todos, para não serem comidos e isto é um estado de guerra demolidor que esgota as energias e a paciência da maioria, que tem de jogar à defesa dos seus interesses vitais, sem ser capaz de um ataque...
A ciência seguirá para onde terá de seguir e vencerá, como não poderia deixar de ser. É sempre assim. 
O que tem de ser tem muita força.
Não será por querermos empenho que haverá empenho. Se é preciso que nos empenhemos, certamente nos empenharemos. 
A necessidade não é a mãe de todas coisas? 
Mas a necessidade de uns pode não coincidir com a dos outros e podem até ser antagónicas.
É muito ingrato e terrível enfrentar o cenário "científico" dos problemas, mas sobretudo da resolução dos problemas.
A ciência das "leis da natureza" já deu frutos preciosos e permitiu avanços notáveis no capítulo das "leis sociais e económicas".
Mas é importante considerar, cientificamente, o sentido que a estupidez humana poderá ter no "puzzle" da compreensão do mundo, uma vez que tem desempenhado a principal função.
Do ponto de vista da evolução, não há problemas, porque bate sempre tudo certo, está tudo sempre bem, etc..
Estou a pensar, não no interesse que alguém pode ter em sacrificar os outros, mas no interesse que alguém poderá ter em sacrificar-se pelos outros ou por uma coisa qualquer.
Se abstrairmos do lado ético (de que a ciência se ocupa enquanto manifestação da natureza, nomeadamente a neuro-ciência e a psicologia), a diferença entre sacrificar os outros e os outros sacrificarem-se só não é nula porque esta última alternativa é imensamente menos provável de acontecer.
Se excluirmos a ética, na natureza, está sempre tudo em equilíbrio, é sempre tudo igual ao litro.
A ética, embora não afecte o conhecimento, apresenta-se como o factor perturbador do objecto do conhecimento, da natureza.