E chegou uma carripana
Com altifalantes
E desenhos de bichos
Nunca vistos
Iam contar a história de umas fantasmagorias
Com vozes distorcidas
Chamadas “uquês”
Eu estava à tua espera
Com a bonomia
E a felicidade
De um apaixonado
Mas não estava nas nuvens
Percorri quatrocentos quilómetros
Até Lisboa
Para te abraçar
E estar contigo
(Quem nunca se apaixonou
Não percebe o que digo)
Tu tinhas percorrido mil
E quando chegou o momento
Do nosso abraço
Nada se desmoronou
Nem o vento ganhou asas
Num exíguo espaço
Na pequena sombra
Entre duas casas
Com vistas para o Tejo
Numa rua torta
Quis o tempo
Ser essa tarde
E sem chave
Abrir a porta.