Sabendo nós que o íntimo é grande
E o divino é humano
O pensamento é pequeno
E o sublime é mundano
Vemos uma margem irresistível
A atravessar o rio
A erguer-se nua
A pentear-se para as águas
Como uma república na rua
Aves fogem à passagem
Como a noite se enche de latidos
E o destino de verdades intemporais
Num regaço de falsos pruridos
A nossa sorte
É que ela
Talvez impura
Toma banhos de rosas
Nos nossos sentidos
Culpados
Da sua formosura.