Blogs Portugal

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Novas formas de ganhar

         Não me colocaria do lado dos que se recusam a reconhecer que o planeta terra está a ser destruído pelo homem, de múltiplas formas irreversíveis, sem retorno, incluindo alterações climáticas desastrosas.
         Não é por, hipoteticamente, alguma alteração derivar de fenómenos extraterrestres, que me colocaria, não apenas contra as evidências, mas também do lado das improbabilidades, ignorando a enorme realidade da devastação dos habitats.
        Ou seja, não me colocaria do lado de uma qualquer teoria que torturasse, sacrificasse e maltratasse irreversível e definitivamente os factos, até e principalmente o facto de estarmos a ser destruídos, pela acção do homem e não só.
       Vivemos um tempo de alertas e de alarmes mais do que justificados. 
       As soluções baseadas e preconizadas em princípios e práticas antigas, instituídas pela força dos usos e dos paradigmas milenares de organização jurídico-política e económica são hoje um perigo, impensável nos alvores da industrialização e da exploração económica liberal e individual, dos recursos do planeta.
      Muito está a mudar e muito rapidamente, de tal modo que os modelos conhecidos de resposta política, jurídica e económico-social, nomeadamente internacionais, são incapazes de satisfazer as exigências de racionalidade e de fundamento que se colocam.
      Estou a pensar, por exemplo, no problema dos migrantes, dos refugiados...E no problema da apropriação e exploração dos recursos naturais das diversas regiões do nosso planeta.
      Os Estados e os povos não vão poder continuar a fingir que as coisas podem ser resolvidas e solucionadas com base nos princípios clássicos e antiquíssimos, mas muito primitivos e tacanhos, da soberania territorial estadual.
      O princípio de que o planeta é igualmente de todos, de que ninguém tem mais direitos, hereditários ou outros, nem títulos especiais e privilegiados de vocação ao património da humanidade, científico, cultural, material, vai ter de ser equacionado se se pretender responder a algumas das questões mais dramáticas e prementes do nosso tempo.
      Muitos se manifestam pelo que temem perder, mas vai ser preciso aprender novas formas de ganhar.