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sábado, 21 de janeiro de 2023

O cais de embarque

Oh vertigem que paira

Vista daqui a tarde é imensa

E desvaira

De tão inclinada para a rua

Agora deserta

A descer para o cais

Tão habitada de saudade

Que até o silêncio aperta

A sombra ali se adensa

E invade

O cais de embarque

Antiga porta da cidade

Foi daqui que o povo alçou o olhar

Para o esplêndido horizonte

Em barcos à descoberta

Podemos agora dizer

Como é pungente

Estar a ver que partiram

Deixando para trás este lugar

Que em memória deles

Outros tornaram

Doloroso imaginar

Como agora é não poder

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Na inconcebível catedral da noite

Com os ventos a soprar.