Se ter razão fosse uma coisa muito importante, os maiores torneios e competições não seriam de futebol. A razão, ou por outra, a racionalidade, é a marca de tudo o que fazemos, não por sermos de natureza física, material, corpórea, de partículas, ou outro plástico qualquer, mas por sermos biológicos.
A racionalidade que é a característica dominante do humano, não é exclusiva dele e isso é nítido se observarmos o comportamento dos seres vivos e tivermos em mente o que é a racionalidade. O que é fundamental para superarmos o mito, com uma história trágica, de que o que é racional é bom e apenas o que é racional é bom, é verificarmos que a racionalidade tem o verso da verdade e o reverso do erro, ou vice-versa.
Racional é tudo o que “fazemos”, entendido isto como “acto”, consciente, voluntário.
Racional é o trivial humano. Podemos ser responsabilizados pelo racional, mas
não pelo irracional.
Aliás, por ser o erro racional, pelas
mesmas razões que a verdade é racional, é que a mentira e a fraude campeiam e
fazem o maior sucesso, em todas as áreas de actividade (acto) humana.
Para não me alongar sobre este tema que
muitos acharão chato, mas que eu acho central para promover uma mudança de
visão e de análise crítica da nossa cultura hiperdiscursiva, que a filosofia, ao tentar derrotar-se a si
própria, levará de vencida, afirmarei apenas que a verdade depende menos da razão
do que da percepção da realidade e que, qualquer método, ou estratégia, ou
técnica, que nos ajude a refinar a percepção das coisas e dos fenómenos, será
para nós uma vantagem, uma mais-valia, porque nos permitirá exercer a razão no
sentido da verdade e não do erro, da falsidade, da fraude e da mentira.
Assim se compreende, se outras razões
não houvesse, a importância crescente (e transcendente) das ciências e das
matemáticas, nomeadamente, na função de desencantamento e fixação dos factos.