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sábado, 10 de julho de 2021

O verso e o reverso da racionalidade

Se ter razão fosse uma coisa muito importante, os maiores torneios e competições não seriam de futebol. A razão, ou por outra, a racionalidade, é a marca de tudo o que fazemos, não por sermos de natureza física, material, corpórea, de partículas, ou outro plástico qualquer, mas por sermos biológicos. 

A racionalidade que é a característica dominante do humano, não é exclusiva dele e isso é nítido se observarmos o comportamento dos seres vivos e tivermos em mente o que é a racionalidade. O que é fundamental para superarmos o mito, com uma história trágica, de que o que é racional é bom e apenas o que é racional é bom, é verificarmos que a racionalidade tem o verso da verdade e o reverso do erro, ou vice-versa. 

Racional é tudo o que “fazemos”, entendido isto como “acto”, consciente, voluntário. Racional é o trivial humano. Podemos ser responsabilizados pelo racional, mas não pelo irracional.

Aliás, por ser o erro racional, pelas mesmas razões que a verdade é racional, é que a mentira e a fraude campeiam e fazem o maior sucesso, em todas as áreas de actividade (acto) humana.

Para não me alongar sobre este tema que muitos acharão chato, mas que eu acho central para promover uma mudança de visão e de análise crítica da nossa cultura hiperdiscursiva,  que a filosofia, ao tentar derrotar-se a si própria, levará de vencida, afirmarei apenas que a verdade depende menos da razão do que da percepção da realidade e que, qualquer método, ou estratégia, ou técnica, que nos ajude a refinar a percepção das coisas e dos fenómenos, será para nós uma vantagem, uma mais-valia, porque nos permitirá exercer a razão no sentido da verdade e não do erro, da falsidade, da fraude e da mentira.

Assim se compreende, se outras razões não houvesse, a importância crescente (e transcendente) das ciências e das matemáticas, nomeadamente, na função de desencantamento e fixação dos factos.