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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Do céu à terra


Eu olho
Da terra para o céu
Não do céu para a terra
De mim para tudo
Nada me encerra
E não levo
O mundo
Ele é que me leva
E é
No mundo que escrevo
E me encontro contigo
Que faço o que devo
Que calo
Que digo
Não imaginas
Como te sinto
Ausente
A falta que fazes
De manhã à noite
Como se os versos
Não fossem remédio
E nesta cidade
Não houvesse gente.


sábado, 29 de janeiro de 2011

O meu amor por ti



O meu amor por ti
Não é de perguntas
E de respostas
Não é estado
Nem condição
Triunfo  
De coisa nenhuma
Canção
Por ti
Meu amor
Incrível flor
Sem terra
Que se abre
Débil
Esperança no deserto
Mais que o eco
Sobrevive  
A certezas
Costumadas
Às palavras
Ao vento
À canção
Que mais ninguém ouve.


terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Mas o tempo passou

Desta vez lembrei-me do cavalo
De um tempo que não passava
Isso sim era tempo
Eu não temia
Aventurava
E cada noite
E cada dia
Mais gostava
Do meu cavalo
Que pedi aos saltimbancos
E mo deram
Ou sem que eu saiba
Mo compraram
Na feira mais bonita
E mais saudosa
Em que estiveram
As pessoas menos sorumbáticas
Da história
O tempo passou
E o meu cavalo
Não gostou
E morreu.

.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Beijos que te quero dar


Os teus olhos são o riacho emboscado
Onde hortelãs selvagens proliferam
O Verão feliz que não voltei a ter
Os reflexos que me deram
A imagem do que quero ser

Esta cidade não é
O chão luxurioso
De açafrões e margaridas
À espera do vento
Para se polinizarem
Mas a noite é
Desse tempo
De luar e água
Se casarem

Sofri
Mas valeu a pena
Pelos desejos imensos
Que aprendi
A não saciar
Pelos beijos
Que te quero dar.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Enquanto namoras



Enquanto namoras
Eu vou a liderar uma prova de canoagem
Que ainda está no princípio
E ignoro os que aplaudem
Na marginal
Mais imponente
Vista de uma canoa
No meio de um rio
Largo
A cidade
Levada para longe
Pela corrente
Que agora me favorece
Só no fim
Se verá

Enquanto estavas em algum lado
Ou a pintar o cabelo
Ou a dançar
Eu ia com a minha tia doente
À urgência do hospital
Psiquiátrico

Liguei-te para dizer que a noite é longa
E tu acordaste de um sonho
Amanhã é que é o futuro
Mas o presente
Não é de toda a gente.


domingo, 16 de janeiro de 2011

Sentimentos


A velha catedral não tem culpa
De imponência calada
Padece tudo
Sem dor nem queixa
Nada
Lhe faz mossa
Nos degraus da entrada
Uma miúda triste
Descansa ou morta
Dorme ou morre
Tatuada
Sem que ninguém
Se interrogue
Sobre os segredos
Ou que sonhos
Guarda.

Bendigo-te

                                                                                                 
Em nossos cios
O abismo
Dos nossos rios
O sol
Dos dedos
O limiar
Perfeito
Um desejo
Sem leito.

                                                                                                                       

domingo, 9 de janeiro de 2011

Salvo erro

                                                                                                                                                                      Não
Não está tudo errado
Salvo erro
Só o homem erra
Não há erro no céu
Nem na terra
No mar
No cão que ferra
A dor
O princípio e o fim
A eternidade
Nenhum erro encerra
E o prazer
Também não
Nem a tristeza
Nem a alegria
Que erro pode haver na noite
E no dia
Na vida
E na morte?                                                                                                                                                                               

sábado, 1 de janeiro de 2011

Em chamas imensas



De um fundo nocturno
Mas iluminado
Flamejam pontos
De luz
Muito distante
É tudo tão suave
E encantado
E o fogo das estrelas
Tão calmante
Que
o mar 
 Nem por um instante
Parece que não é
Gigante
A minha rua estreita
Não termina
Aqui
Na praceta
Sobre duas palmeiras
Inclinadas
Em


Chamas imensas
Drapejam ao vento
Como pavilhões em tiras
De navio encalhado

Nas mentiras.