Ninguém conseguiria imaginar uma rua como a minha, nem eu.
O inimaginável exerce sobre mim uma atracção quase irresistível, mas tem, à partida, uma garantia de insucesso que desencoraja até o mais louco e imprudente dos aventureiros.
Nada mais desafiante, portanto.
O inimaginável exerce sobre mim uma atracção quase irresistível, mas tem, à partida, uma garantia de insucesso que desencoraja até o mais louco e imprudente dos aventureiros.
Nada mais desafiante, portanto.
O pior de tudo é que a rua não existe.
Podemos procurá-la por todo o lado.
Tão pouco existe na minha cabeça.
Tão pouco existe nas palavras que escrever sobre ela.
Mas é uma rua muito interessante e muito antiga.
Podemos procurá-la por todo o lado.
Tão pouco existe na minha cabeça.
Tão pouco existe nas palavras que escrever sobre ela.
Mas é uma rua muito interessante e muito antiga.
O que não existe pode ser muito interessante, muito mais interessante do que aquilo que existe.
A maior parte do que não existe, se existisse, perderia o interesse.
Ou talvez não.
A maior parte do que não existe, se existisse, perderia o interesse.
Ou talvez não.
Não é uma rua direita e sabe-se lá as razões e os sonhos que moldaram as pedras de cada esquina e as fechaduras de cada porta, quantos cavalos, com o barulho
dos suas ferraduras na calçada, foram o despertador impiedoso de gente que, de outro modo, nunca teria acordado...
O que é certo é que não há ninguém que se lembre dessa rua movimentada, nem eu.
Não há vestígios dela.
Não há vestígios dela.
E isto é muito triste.
Nessa rua ninguém passa, nem passo eu.
É uma rua habitada pelos fantasmas dos que viveram na esperança de que alguém os inventasse.
É uma rua habitada pelos fantasmas dos que viveram na esperança de que alguém os inventasse.