Hilário: qualquer pessoa sabe muito mais do que sabe que sabe
Amiga: muito mais e para além
Hilário: mas vale a pena dedicar atenção e pensar acerca do assunto
Amiga: isso é metacognição e é essencial na aprendizagem
Hilário: saber mais do que sabemos que sabemos é apenas um efeito de não ser possível monitorizar completamente a nossa memória, seus repertórios e processos de pensamento
Amiga: uma grande preocupação com a metacognição pode sobrecarregar a memória com problemas meramente teóricos e intelectuais
Hilário: em casos extremos pode ser paralizante, se tentares monitorizar comportamentos reflexos ou de rotina
Amiga: se sempre que deres um passo quiseres ter o controlo de tudo o que está a acontecer e, ao mesmo tempo, quiseres ter o controlo do que estás a perder por não pensares noutras coisas, etc, o melhor é “delegares” certas tarefas a esses operadores automatizados
Hilário: não conseguiríamos fazer o que fazemos se muitas das tarefas não fossem resolvidas por hábito, sem termos que pensar
Amiga: por hábito, por instinto, por natureza
Hilário: mas muitos dos nossos hábitos começaram por ser atos pensados que fomos repetindo até termos a sensação de que fazemos as coisas sem termos de pensar nelas
Amiga: o homem é um animal de hábitos
Hilário: se fossemos capazes de reforçar positivamente apenas bons hábitos e de reforçar negativamente os maus, a vida seria mais fácil
Amiga: isso permitir-te-ia a proeza de seres feliz sem pensares que o eras, sem teres a noção
Hilário: não sei se gostaria de me habituar a não ter que pensar
Amiga: eu fui-me habituando a pensar cada vez mais em tudo.
Carlos Ricardo Soares