V
Isadora Azur diz que
Aldonza não era a camponesa
que sonhou ser Dulcineia.
Era espelho.
Era gesto reconhecido num mundo que
insistia em pedir prova antes de conceder afeto.
Encontrou em Quixote não a loucura
mas a possibilidade:
“alguém que vê beleza onde o mundo só oferece poeira.”
“Se sou Aldonza
não me salvem
Olhem-me.
Mas vejam-me com a lucidez de quem escolhe delirar
com consciência.”
“Que me vejam como quero ser vista.
E que eu veja no amor
mais do que uma armadura.”
O amor que imaginava não era urgência
era investigação.
Isadora Azur não se iludia com heroísmos.
Sabia que o amor pode ser castelo ou vento
mas ela procurava quem soubesse habitar a hipótese
mesmo
que fosse só por uma página.