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sábado, 28 de março de 2020

Aquilo em que as sociedades humanas apostam em transformar as pessoas.


Se me dessem a escolher (se me fosse dado ou me tivessem dado a escolher), se houvesse verdadeiras alternativas à cultura da civilização à força, da liberdade de modelo único de organização política e económica e religiosa (todas as religiões são iguais, todos os partidos são iguais, todas as escolas são iguais...) eu teria escolhido não ter nada disso, teria escolhido ser selvagem e é a dor e a tristeza irremediável de nunca o ter podido ser, de me terem roubado a liberdade, de me terem sequestrado e raptado para as teias e para as celas e para os relógios e para os grilhões dos guardas omnipresentes, completamente domado, como um burro, ou um escravo, que ainda é acusado de ser escravo de si mesmo, obrigado a assistir ao filme interminável do seu triste filme, como se a sobrevivência fosse uma epopeia gloriosa, não sua, mas dessa tal civilização à força, que preconiza a liberdade... é a dor e a tristeza de nunca ter podido ser selvagem, dizia, que me impede de acreditar naquilo em que as sociedades humanas apostam em transformar as pessoas.