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terça-feira, 21 de novembro de 2023

Castro Laboreiro

Por Castro Laboreiro

um intruso

que caminha

milhares de anos

até chegar aqui

ao refúgio dos lobos

que me seguem

e já os pressenti

na sombra dos carvalhais

pelos bosques

tropeço em calhaus

no mato molhado almejo

por vales e corgas

ao fundo um prado

batido pelo sol

inspiro o ar almiscarado

e lá no alto azul

com asas colossais

águias dão voltas

tão suaves

que nem parecem reais

como este riacho

a cortar a passagem

e mais abaixo defronte

de bela arcada uma ponte

de pedra tão antiga

que parece segura

de sempre ter estado ali

erguida

sobre a verdura espessa

que abriga lontras e rãs

e o mesmo se diga

de árvores tombadas

no ervaçal de hortelãs

donde salta em alvoroço

natural

um corço assustado

como se fugisse

de um caçador feudal

fico arrepiado

com tal beleza

que nem penso

que outras passaram

afinal

onde está aquela ponte

outras pontes desabaram.


Carlos Ricardo Soares