Hilário: és feliz?
Amiga: às vezes, e tu?
Hilário: eu não sei, nem sei se a felicidade existe
Amiga: queres que te diga?
Hilário: se pudesses mostar-me a felicidade, agradecia
Amiga: eu aposto que és feliz e não sabes
Hilário: e é possível alguém ser feliz sem saber?
Amiga: o ser não é da mesma ordem do saber
Hilário: não sei o que queres dizer
Amiga: e isso não impede que o diga
Hilário: mas então como é que sabes se és feliz?
Amiga: perguntei ao vento
Hilário: a sério? Ao vento?
Amiga: achas que devia ir ver na enciclopédia?
Hilário: mas se não sabes o que é a felicidade, como é que sabes se és feliz?
Amiga: sou feliz e não é por saber dizer, ou não, o que é a felicidade, nem ando atrás dela
Hilário: até podes acreditar no que estás a dizer, mas é algo contraditório
Amiga: e tu não sabes o que é a felicidade, nem sabes se és feliz?
Hilário: talvez me sentisse feliz se soubesse dizer-te o que isso significa
Amiga: mas isso é estranho, devia ser ao contrário, talvez soubesses dizer o que isso significa, se te sentisses feliz.
Carlos Ricardo Soares