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quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Mas do que gosto mais




Gosto de estar com a gente
De jogar e de viver
Simplesmente
Respirar
Andar pelo campo
E pela cidade
Gosto da alegria
E gosto de cantar
De recordar
Da volúpia de imaginar
E compreender
A tristeza
Do que já não existe
Da miragem
Do futuro
Mas não gosto de pensar
Que tudo
É triste
Até a liberdade
Em certos momentos
Não serve para nada
Talvez seja uma ilusão
A tristeza
Um erro
Mas do que gosto mais
É da ficção
Do meu desterro
O sofrimento de imaginar
Tantos sentidos agrilhoados
Por alguma razão
E ter como prémio
A solidão.



sábado, 18 de dezembro de 2010

Uma voz que me chama

Uma voz que se ergue
Na noite cerrada
Mais doce e mais leve
Que um grama de nada
E tão bem a ouço
À voz amada
Tão bem encanta
A madrugada
Tão bem se estende
Para o dia
Mais sede e mais fome
Que a alegria
Chama
Sabe o meu nome
Arde
E não está queimada
Mais cedo e mais tarde
Que o tempo
Cresce
E não foi plantada.
                                                                                                                                                                               

terça-feira, 30 de novembro de 2010

As coisas excedem a vida

 
As coisas excedem a vida
Por onde vou
Pela cidade desde sempre prometida
Eu passo
A vida excede as coisas
E o meu passo
Não basta à vida
Tudo o que faço
A vida excede largamente
O que não faço.



terça-feira, 23 de novembro de 2010

Os aniversários das estrelas


Quando pelas noites de verão
Sem iguais
Caminhava olhando para o firmamento
Ouvia no escuro dos matagais
Silêncios entrecortados
Pelo meu pensamento
Criança como era
Porém sem medo
Fantasiava o céu
Sentia já a aurora
Na aragem que agitava o arvoredo
Nenhum espectáculo a esse
Se compara
Digam o que disserem
Coisa rara
As estrelas sabiam
Que eu não tinha idade.

sábado, 20 de novembro de 2010

Herói de mim




Viagem de imaginar
A vida
Do estreito recomeço
Ao cabo esqueço
Em_____barco  
Nave despojada
Em qualquer sítio
O mar
Se for embora
Os piratas também
Espectro das descobertas
Descobrir o além
Do fim
E ser herói
De mim.



sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Lembrança de ti

Do meu coração
Palavras vivas

Canção às janelas
Flor dos olhos

Vi ruir
Sob o peso do último sonho
Ou da lembrança de ti

O entendimento perdido
Da nossa história feliz

Suaviza o fel
Do tempo a fluir.


sábado, 13 de novembro de 2010

Momento único



As aves chegaram
Em bandos
Ou é o mar
Alçando voo
Sobre as iras 
A eternidade
Não espera
Não sonha
Nem se vai embora
 Não esquece
Quem não tem memória
Esquecer é humano
É história
Um piano fechado
Pode ser
Um desejo atroz
De transformar
O silêncio
Num momento único. 



segunda-feira, 8 de novembro de 2010

De ancestral



Hoje as vinhas pareceram maiores
O sol mais lento
O céu mais azul e mais perto
E o vento
Para me entristecer
Cheirava a deserto

As folhas secas
Sem piedade
Voavam
Tordos escondidos
Detrás da cortina da tarde
Espiavam
E piavam
Pios de saudade

Hoje tudo era meu
Como era minha
A tristeza
De ir só
E o rio
Se mais não era
Parecia um lago
Lá ao fundo
 À minha espera
No outro mundo.


sábado, 6 de novembro de 2010

Idade média

A idade e o tempo deitam-se na mesma água
E acordam longe de tudo o que faz o encanto
De dois rios que se atravessam
Seguindo em direcções diferentes
A caminho do mesmo espanto
Cada vez mais distantes
As idades iniciais
Médias
Finais
São tão diferentes disso
Que as acho iguais.


segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Este morto



Os milénios os séculos as décadas
Os anos os meses os dias as horas
São tão dignos de atenção
Que não temos vida para compreender
O tempo que vivemos
Este morto
Já não vive
Já não lhe digo tu
Não deixes que te matem
O sol e o mar ao largo
Vemos
Deste cemitério
De uma das mais de cem
Cidades
Sempre nos perdemos
Como perde quem
É a ponte mas não sabe
Entre eras e idades
Este morto
Não fala
Fria fronte
Face desentendida
Já não lhe dizem tu
O destino
A nós se reserva.


sexta-feira, 29 de outubro de 2010

O silêncio debaixo da touca



À porta do palácio
Já todos foram
No amplo redor
Estremece
Não ter alma
Passado
O tumulto
A paz
Jorros de verão
De água
Eva e o paraíso.

domingo, 17 de outubro de 2010

Os teus pecados


Olhas para o espelho e não encontras 
um rosto
o que vês não é o reflexo 
do que conheces
o espelho é uma porta 
aberta para a eternidade
a entrada interdita 
à luz dos olhos
não estavas à espera 
que um espelho fosse
um pensamento 
que podes estilhaçar
mas não consegues 
desarmadilhar
embora penses que há-de haver uma chave
para compreenderes 
o que pode acontecer de mal
a um homem bom
a verdade não tem fechadura.



quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Os meus poemas

Os meus poemas nem sempre iluminam
Nem sempre obscurecem
Os meus passos
Nem sempre sobem
Nem sempre descem
Escarpas
Escadas
A minha imaginação
Nem sempre se perde
Nem sempre me perde
Atalhos
O meu mundo nem sempre aparece
Nem sempre o reconheço
Recônditos de asas
Repouso
Um pouco por toda a parte
O meu diário nem sempre é aquilo
Em que escrevo
Nem sempre escrito
Nem sempre apagado
A minha aventura nem sempre no espaço
Poemas atraem
O futuro
O seu calor nem sempre mata
Ilha
No crepúsculo
Nem sempre
A montanha
Atrás de outra
Nem sempre perdi o cavalo
Nem sempre ouvi
Uivos.

domingo, 10 de outubro de 2010

Canção do tempo perdido


Hoje acordei de manhã
E acordei bem
A última é a melhor
Se não for a que lá vem

Canto para quem não está
e não canto para ninguém
Para cantar não é preciso
Mais do que a voz que se tem

Palavras leva-as o vento
Se a memória o deixar
Que nem tudo o tempo leva
Nem tudo há-de levar

Canção do tempo perdido
Não te percas a escutar
Se não tiveres ouvido
Para as horas a passar.



domingo, 3 de outubro de 2010

Agora dava-me jeito

Agora dava-me jeito escrever um poema
Preferencialmente o poema que toda a gente
Gostaria de ter escrito
E dava-me jeito sentir um grande amor
Pela humanidade
Preferencialmente pelo desgraçado
Que perdeu tudo o que ganhou com o suor
De uma vida de trabalhos honestos
Para financiar uma guerra de mafiosos
Extorcionistas

Dava-me jeito sentir que sou um herói
Na luta contra o mal e o terror
Dava-me jeito não sentir esta dor
Que dói
Porque nada sinto

Dava-me jeito sentir o que penso
E escrever o que sinto
Mas só penso o que sinto 
E não sinto o que minto.



segunda-feira, 27 de setembro de 2010

A Poesia e os malfeitores

Onde medra a anomia
É farta a vilanagem
O que não é feito com arte
Não é bem feito
Onde há arte
Há poesia
Não há crime perfeito
E se existisse
A arte não seria
A puta
Que o parisse
Se a arte tem defeito
Ainda ninguém o disse.
 

sábado, 18 de setembro de 2010

Amor adulterino

Luz e sombra sem perfídia
Emboscadas na ternura
Disputando à bela orquídea
Humidade e temperatura

Será como tu quiseres
E não como eu imagino
Será como te atreveres
No amor adulterino

Pelo tempo e pelos lugares
Emboscados na ternura
Celebrando nos altares
De uma absolvição futura

Luz e sombra sem perfídia
Emboscadas na loucura
Devolvendo à bela orquídea
Toda a razão da doçura.

domingo, 12 de setembro de 2010

Dá-se o caso

                                                       
Pequeno almoço com janelas

Para um quadro                          
Com milhares de anos             

É assim que pensas                 
É assim que dizes                     
O momento                                 

A mulher ao lado                         
Está doente                                   
E o homem ao fundo                  
Está a escrever no guardanapo
Para o outro mundo                   

Já se faz tarde                             
E temos pela frente                    
Um dia para visitar museus     

Dormimos pouco                       
Mas estou contente                   

Tu fazes-me sentir vivo           
Num mundo de memórias      
De imensas coisas mortas     

Fazes-me sonhar                      
E não devia ficar triste…         
                                                       

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

É assim que eu fico



Em lençóis de um linho antigo
De olhos abertos na noite sem estrelas
Como um navegante de um ranger

Constante

Do apodrecer dos lenhos
E ainda o mar não envelhece

Ao contrário do que me acontece.


quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Sem dinheiro



Um belo dia encontrou-se sem dinheiro. Estava sozinho. O dinheiro não, ele. Como sempre. Mas dessa vez, pior.
Estava um belo dia. Como o mundo nunca lhe parecera. Dizer mundo significa a perspectiva da esquina da rua das pontas de cigarro no chão com o beco das ratazanas arroxeadas de fome, como barrigas de figos.
Não. Decididamente, não era uma perspectiva friorenta e emporcalhada. De nauseabunda, só a ideia de que rir implicava abrir a boca e arreganhar a taxa e de que respirar, só pelo nariz e o estritamente necessário.
Sentia-se tão impossível… que tinha vontade de rir, senão a bandeiras despregadas, pelo menos a bom rir.
Estava um belo dia. Como o mundo nunca lhe parecera. Mas inacessível.
Em algum lugar, da sua imaginação, havia fartura e muito desperdício.
E ele, sem dinheiro.
Excluído? Não. Sentia-se incluído na ideia de que tudo lhe era estranho . Qualquer coisa em que tocasse tinha dono. Achava que até as ratazanas de felpos baços, à míngua de lixo e de toda a espécie de porcaria e de dejectos, o miravam como um concorrente a temer.
Triste e injusta conjectura. Poucos sítios como aquele dispensavam serviços de limpeza e recolha de imundícies. Cada dia que passava a população de ratazanas ficava reduzida a metade. Sem estudo se concluiria que, dentro de uma semana escassa , e sem qualquer desratização sistemática, o último abencerragem deveria os derradeiros momentos de sobrevivência ao facto extremo de devorar cadáveres dos congéneres.
Bichos alimentam-se da própria decrepitude. O poeta diz que a vida é o triunfo sobre a podridão. A podridão não diz nada, mas é a vida. Em teoria e na prática. Quem o disse ainda não foi identificado, mas as autoridades de investigação prosseguem no zeloso cumprimento das funções que lhes são cometidas de documentarem a estória.
Ao mesmo tempo, sentia uma nova e estranha alegria. Uma lucidez excepcional mostrava-lhe quão artificial é a organização social e os direitos e os conceitos e os preconceitos. Descobrir motivos racionais de desprezo e de ódio dava-lhe uma estranha e perversa satisfação. O desprezo e o ódio injustificados são insuportavelmente nojentos. Mas se tiverem razão de ser, pelo menos, tornam-se suportáveis e talvez deixem de ser nojentos e talvez se tornem filosóficos e eticamente toleráveis.
Tudo lhe parecia imagem e representações destituídas de senso. Um filme, consigo dentro. Personagem que se movia dentro de um mundo de ideias blindadas. E começou a ver muitas coisas que nunca tinha visto.
Dons Quixotes a aparecer com demasiada frequência, mas uniformizados e lustrosos e aperaltados, cheios de compostura e autoridade. Polícias tipo guardas-florestais da floresta de cimento. Lenhadores tipo resineiros da floresta de cimento. Um primo (não era macaco) feliz, que já não via desde a última vez em que cantou ao sol o grande poema das árvores de cimento com telhados de vidro, em cujos ramos os humanos refugiam seus ninhos com mil cuidados.
Muitos outros…
E eu? Quem era eu?



quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Sim

Sim
A árvore de que o sonho tem alcance
Espectro do que se alguma vez foi
Real mas intocável será
Corpo de nãos atados
À espera como mãos
Que não recebem cuidados
Nem quando a espera desespera
Sim
Todos os medos infundados
Em troca de uma morte
Que se afronta
E nunca ocorrerá
Sim
Com mais leveza que o ar
A ave se levanta
Aos olhos da fadiga
Do que quer caminhar
A distância entre esse
Como se nada fosse
E o desejo incrível
De voar…


domingo, 1 de agosto de 2010

O Velha (XIV)

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Desde que se lembra, e até antes disso, deitou-se sempre com um irracional: o medo. Sabia que o medo era irracional, mas estava lá sempre. Às vezes parecia-lhe que o medo não estava e que em seu lugar se deitava a morte, naquele vazio inexplicável maior do que o medo, que ocupava mais de metade da cama. Quando isso acontecia, ficava acordado, alerta, pronto para fugir e gritar por socorro.
Do outro lado da rua, mesmo em frente, toda a noite, havia pessoas à espera que alguém pedisse socorro: era o quartel dos bombeiros. E, um pouco mais adiante, o posto da polícia.
Uma noite, pouco depois de, numa luta sempre desigual, ter sido vencido pelo cansaço e de, por fim, ter adormecido, acordou estremunhado com o toque da campainha. Eram cinco da manhã e estava escuro. Pelo intercomunicador perguntou «quem é?» e pelo vídeo-porteiro confirmou a presença de um vulto indistinto na escuridão. Uma voz arrastada, de alguém, homem ou mulher, com mais de oitenta anos, denunciava uma euforia perversa «ando há meio século à procura de um homem e tudo indica que, finalmente, o encontrei: esse homem és tu. Já posso viver com a consciência do dever cumprido».


quinta-feira, 15 de julho de 2010

O Velha - XIII


Era alto e vergadiço como um salgueiro. Andava como se fosse gordo. Vestia-se como se o derradeiro inverno estivesse congelado no tempo. Falava mais depressa do que pensava e concluía sempre muito antes de chegar ao fim do raciocínio. Se fumava? Sim, fumava como uma chaminé e seguia o fumo até vê-lo… desaparecido. Nunca se tinha deitado com uma mulher. E sonhava escrever um poema.
No momento em que nasceu, sua mãe estava de pé e não o quis ver, alegando que estava morta. Foi um momento desumano, porque ela não morreu. A parteira compreendeu sem dificuldade as dores daquela mulher «também já fui assim!»-pensou, mas foi em vão que tentou compreender o choro do recém-nascido. 


quarta-feira, 30 de junho de 2010

O Velha - XII



A agonia do Velha parecia interminável. Perguntava pelo Fernando Pessoa «onde estás Fernando? Ah, estás aqui. Estás parecido com uma fotografia que vem num livro, mas muito mais real. Tens meias brancas. Sempre achei que gostavas de meias tintas. Não sobra tempo para escrever. Passo a vida a viver e a sonhar. Talvez um dia me canse de viver e de sonhar e me entretenha a escrever. A escrever-te e a escrever-me. Se não morrer. Se no fim do sonho não estiver a morte». Dizia estas palavras num ritmo irregular e numa sequência algo obscura, aparentemente desconexas, mas ao reduzir a gravação a escrito, foi possível estabelecer, sem margem para dúvidas, a letra e o teor das últimas palavras que o Velha proferiu ainda em vida, como se já estivesse para lá de uma fronteira e o eco que se ouvia fosse numa língua tão desconhecida como o outro mundo.


domingo, 27 de junho de 2010

O Velha - XI




No momento da morte, o Velha agonizava profundamente… equivocado.  E toda a equipa liderada pelo médico Pedrinho se mantinha abismada num mutismo… de espanto. O Dr. Pedrinho soçobrava ao peso da memória de dezenas de moribundos, no leito de morte, como se quisessem despedir-se, olhando-o com estranheza,selando com o silêncio da morte palavras que teriam dito se o reconhecessem. Alguns fixavam-no e até pareciam acusá-lo de estarem a ser despedidos mas outros, nada disso.  
Apesar da insuportável dor, não queria sequer tentar impedir que lhe viessem à memória as últimas palavras de uma criança de quatro anos, que tinha sido colhida por um comboio, quando tentava colocar uma pedra sobre o carril. Não fosse a demora em estabilizá-la na linha férrea e não teria escasseado o tempo para retirar-se em segurança, com as duas pernas a salvo e vitoriosa da ousadia.
Entrou no bloco operatório, na tarde de um domingo de festa. Por todo o lado, a subida à primeira divisão dos Convictos Futebol Clube era festejada por multidões embriagadas. Os médicos de urgência mal tiveram tempo para ouvi-la dizer, numa voz que os fez arrepiar «mamã, vamos brincar?».
Passados minutos, o corpo estava frio. O Dr. Pedrinho sentou-se no canto da sala, com os cotovelos apoiados nos joelhos e a cara entre as mãos. Por fim, assoou-se e, recompondo-se, perguntou à Dr.ª Vitória «está a pensar no que vamos dizer e no modo como vamos dizer aos pais? Eles estão lá fora… talvez com esperança». A Dr.ª Vitória acenou com a cabeça, afirmativamente.


segunda-feira, 21 de junho de 2010

Não pretendo provar nada



Estou a falar para mim mesmo
Como se estivesse a falar aos outros
Não pretendo provar nada
Há coisas que tornam invisíveis
As que as rodeiam
Até coisas invisíveis
Que tornam invisíveis
As coisas visíveis
Que as rodeiam.

domingo, 20 de junho de 2010

O Velha - X


A rádio local dedicou um programa especial à morte do Velha. O Amante de Catástrofes fez questão de prestar homenagem a esse homem de quem lhe disseram três coisas: que lhe chamavam Velha, que se apresentava como Alberto Caeiro e que era pastor de transístores.  Abriu o programa com rajadas de metralhadora e, após um silêncio sepulcral, declarou, num tom declamatório «assalto e assassínio de um desconhecido».
Os dois repórteres, incumbidos de lhe trazerem notícias do Velha, foram as primeiras pessoas a ser informadas da sua morte, no hospital, onde se deslocaram para tentarem levá-lo ao estúdio para ser entrevistado.
Dois dias antes tê-lo-iam encontrado de perfeita saúde e teriam tido oportunidade de dar a conhecer um pouco da história da própria vida que ele fosse capaz de contar. Mas agora era tarde e ninguém poderia ajudá-los, nem com depoimentos. Por sua vez, as informações do hospital eram lacónicas. Até o nome que constava na ficha de internamento não era aquele pelo qual o Velha era conhecido. E diziam uma hora e uma data do falecimento, mas nenhuma referência ao nascimento, morada, naturalidade, ascendência…
Além disso, sabiam que tinha sido assaltado e agredido, depois das aulas à noite, a caminho de casa e que a polícia lavrou auto da ocorrência. As suas atenções, agora, estariam voltadas para a investigação e eventual descoberta do(s) autor(es) do(s) crime(s).