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quarta-feira, 21 de julho de 2021

Alguém o fará por eles

Gostar de, ou não, ou desprezar, Shakespeare, Gil Vicente, concordar ou discordar de Platão, Kant, contestar ou refutar Newton, Einstein, ser apologista ou contra Karl Marx, venerar Beethoven ou Mozart, adorar Deus ou renegar o diabo, não está ao alcance da veleidade e do capricho de todos, como dizer sim ou dizer não, desta liberdade natural e essencial do humano, e não está ao alcance de todos apresentar razões justificativas consistentes e aceitáveis para o fazer.

O sim e o não, como nos referendos, são actos ao alcance de uma cabeça que ouça e abane ou, para colocar uma cruz numa quadrícula impressa num papel, de uma cabeça, mesmo que não saiba ler, com olhos coordenados com uma mão, assinando de cruz o seu destino e o dos outros, sem necessidade de fundamentar por que o faz.

Alguém o fará por eles.

O que ninguém fará por eles são as obras, que são de quem as faz, apesar de sabermos que as obras, na realidade, pertencem a quem as detém, ainda que não seja quem as tenha mandado fazer.