Perturbador e desmoralizante é percebermos que para onde quer que fujamos, para onde quer que dirijamos as nossas queixas, lá está mais um partido, ou
sindicato, ou ordem, ou exército (angariador de angustiados e perseguidos, a firmar contrato com uma máfia certificada pela democracia, ou por outra merda qualquer, para expatriados à força) a alistar-nos
nas suas falanges.
Foges de um partido, entregas-te nos braços de outro.
Foges de um partido, entregas-te nos braços de outro.
Foges dos partidos entregas-te nos braços dos bancos e dos sindicatos.
Tens de vender o que vales e há sempre uma missão
de rua, caridosa, que aceita os teus despojos e a tua revolta, se a tiveres, para lhe atribuir um valor simbólico.
Queixamo-nos de que as instituições falharam e nos traíram, e hoje sabemos que
o fazem impunemente, mas na realidade nós nunca fizemos qualquer acordo com elas, caímos nas mãos delas e foram elas que prometeram, umas às outras (nem foi a nós) e ao mundo e aos melhores
deuses do olimpo, fazer por nós algo que, sinceramente, nunca acreditamos que quisessem fazer.
Mas como vinculá-las e obrigá-las a cumprir as suas promessas?