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sábado, 26 de fevereiro de 2011

Entrego-me à noite

 

É o que sei
Se não o melhor
É o que faço
Entrego
À noite
O meu pedaço
De escuro
Afogo no seu regaço
A estrada
Sem regresso
A lado nenhum
Murmuro
E adormeço.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Pinta-me



Em busca da máscara perdida
Estás nua
Entre os animais
As palavras que te vestem
São transparentes
De mais
Os teus cabelos
São como ministros
De um governo fantoche
A impedir o sol
De tocar
Na sua responsabilidade
Como um idiota
Poderia conspurcar
A tua beleza
Perguntando
A idade.



sábado, 19 de fevereiro de 2011

Teus olhos



Teus olhos
Teu lume franco

Ateia o meu desejo 
De te ver

Em ti alcanço
Sonhos
De prazer
Que ninguém conhece
De me enrubescer
Se alguém soubesse.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

O amor não envelhece




Hoje sabemos que nada passa
(sabemos um mistério)
A vida
Não passa
O tempo
Não passa
De um reflexo
(É incrível)
Nem o sol
Passa
A linha do horizonte

Nem tudo regressa
À beira do rio
Onde nós
Sentados
Éramos felizes
E a nossa imagem
Não era levada
Para o mar

Ainda hoje é assim

Ao passar
À tua porta.




domingo, 13 de fevereiro de 2011

Estou cercado de beleza

A cidade os campos o rio
E as colinas
Por todo o lado
Estou cercado
De beleza
E me rendo sem defesa
Às distâncias
Que berram
Do mundo
Acorda o vento
De sono profundo
As aves
Aterram
Na névoa
Dos meus olhos
Vagabundos
Erram
Não sabem
A esperança
Do poeta
Da escuridão completa
Imagina o sol
A morrer
Mas ainda vivo.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Deus


Nenhum mar me pertence
Da água saciedades
Nada mais recolho
Do pavimento
Da rua
Às praias
Dos olhos
Nenhuma estrela
Circum-navega
A cidade
Flutuante memória
Tocada pelos ventos
Esta calma
Tem a largura da claridade
Que eu sequer soube
Pedir
A Deus
Verdade seja
A árvore
Não me pertence
O não pertencer também é
Verdade
Que cresce e o ar agita
Pelo menos um pouco
Do que parece
É
Um pouco do que desejamos
Que fosse
Acontece.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Amor todos os dias




Ao sopro do mar
Soltas os cabelos
Ao sol
O teu sorriso
Sem vergonha
O vento
(Ou os meus dedos)
Solta o laço
Das tuas qualidades
Mais não faço
Que procurar
Uma justificação
Para a vida.