sábado, 29 de setembro de 2018
domingo, 23 de setembro de 2018
Estado crítico da matéria
António Gedeão é um dos meus poetas preferidos.
Para o homem de ciência, não me admira que a poesia tenha sido a descoberta do estado crítico da matéria.
O que me admira é a forma como ele tratou da matéria.
quarta-feira, 12 de setembro de 2018
Novas formas de ganhar
Não me colocaria do lado dos que se recusam a reconhecer que o planeta terra está a ser destruído pelo homem, de múltiplas formas irreversíveis,
sem retorno, incluindo alterações climáticas desastrosas.
Não é por, hipoteticamente, alguma alteração derivar de fenómenos extraterrestres, que me colocaria, não apenas contra as evidências,
mas também do lado das improbabilidades, ignorando a enorme realidade da devastação dos habitats.
Ou seja, não me colocaria do lado de uma qualquer teoria que torturasse, sacrificasse e maltratasse irreversível e definitivamente os factos, até e principalmente
o facto de estarmos a ser destruídos, pela acção do homem e não só.
Vivemos um tempo de alertas e de alarmes mais do que justificados.
Vivemos um tempo de alertas e de alarmes mais do que justificados.
As soluções baseadas e preconizadas em princípios e práticas antigas, instituídas pela força dos usos e dos paradigmas milenares de organização
jurídico-política e económica são hoje um perigo, impensável nos alvores da industrialização e da exploração económica liberal e individual, dos recursos
do planeta.
Muito está a mudar e muito rapidamente, de tal modo que os modelos conhecidos de resposta política, jurídica e económico-social, nomeadamente internacionais,
são incapazes de satisfazer as exigências de racionalidade e de fundamento que se colocam.
Estou a pensar, por exemplo, no problema dos migrantes, dos refugiados...E no problema da apropriação e exploração dos recursos naturais das diversas regiões
do nosso planeta.
Os Estados e os povos não vão poder continuar a fingir que as coisas podem ser resolvidas e solucionadas com base nos princípios clássicos e antiquíssimos,
mas muito primitivos e tacanhos, da soberania territorial estadual.
O princípio de que o planeta é igualmente de todos, de que ninguém tem mais direitos, hereditários ou outros, nem títulos especiais e privilegiados
de vocação ao património da humanidade, científico, cultural, material, vai ter de ser equacionado se se pretender responder a algumas das questões mais dramáticas e prementes do nosso
tempo.
Muitos se manifestam pelo que temem perder, mas vai ser preciso aprender novas formas de ganhar.
terça-feira, 4 de setembro de 2018
O inimaginável
Ninguém conseguiria imaginar uma rua como a minha, nem eu.
O inimaginável exerce sobre mim uma atracção quase irresistível, mas tem, à partida, uma garantia de insucesso que desencoraja até o mais louco e imprudente dos aventureiros.
Nada mais desafiante, portanto.
O inimaginável exerce sobre mim uma atracção quase irresistível, mas tem, à partida, uma garantia de insucesso que desencoraja até o mais louco e imprudente dos aventureiros.
Nada mais desafiante, portanto.
O pior de tudo é que a rua não existe.
Podemos procurá-la por todo o lado.
Tão pouco existe na minha cabeça.
Tão pouco existe nas palavras que escrever sobre ela.
Mas é uma rua muito interessante e muito antiga.
Podemos procurá-la por todo o lado.
Tão pouco existe na minha cabeça.
Tão pouco existe nas palavras que escrever sobre ela.
Mas é uma rua muito interessante e muito antiga.
O que não existe pode ser muito interessante, muito mais interessante do que aquilo que existe.
A maior parte do que não existe, se existisse, perderia o interesse.
Ou talvez não.
A maior parte do que não existe, se existisse, perderia o interesse.
Ou talvez não.
Não é uma rua direita e sabe-se lá as razões e os sonhos que moldaram as pedras de cada esquina e as fechaduras de cada porta, quantos cavalos, com o barulho
dos suas ferraduras na calçada, foram o despertador impiedoso de gente que, de outro modo, nunca teria acordado...
O que é certo é que não há ninguém que se lembre dessa rua movimentada, nem eu.
Não há vestígios dela.
Não há vestígios dela.
E isto é muito triste.
Nessa rua ninguém passa, nem passo eu.
É uma rua habitada pelos fantasmas dos que viveram na esperança de que alguém os inventasse.
É uma rua habitada pelos fantasmas dos que viveram na esperança de que alguém os inventasse.
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