A realidade é expansiva, mágica, embrionária...abrange tudo o que existe (a realidade do que morre e do que não morre), razão, inteligência, conhecimento (aqui poderemos dizer que o que existiu e deixou de existir, conquanto seja conhecido, faz parte da realidade do conhecimento), linguagem, valores, comportamentos (a realidade dos comportamentos, que é imensa, é efémera, porque tem uma existência, a maior parte das vezes, instantânea, ficando dela, quando muito, a memória ou o registo fotográfico ou de vídeo, ou de relato...) o que se teve e já não se tem, ou se perdeu e o que se busca, caso exista ou venha a existir...enfim, a realidade do 1º segundo de tempo a seguir ao "big bang" não era nada daquilo que foi no tempo dos dinossauros, nem daquilo que foi no século XX, ou que é hoje.
Com este apontamento estou a ter um comportamento, a usar a razão e a linguagem e o conhecimento e estou a ampliar, a criar realidade.
Se, eventualmente, eu não tiver razão no que digo, nem por isso deixo de estar a criar realidade.
A realidade do conhecimento, baseada no uso da razão, está de tal modo ligada e intrincada com a realidade material e os comportamentos que, ao falarmos de sujeito de conhecimento e objecto de conhecimento, muitas vezes, estamos a falar da precedência da acção relativamente ao pensamento ou deste relativamente àquela.
A razão está para a experiência assim como esta está para aquela? Ter razão é o quê? E não ter razão? Quem tem razão?
Conheci um indivíduo que tinha razão, mas não tinha mais nada. E era acusado disso, de só ter razão...e fome. Conheci outros que tinham tudo, o que existia e o que viria a existir, mas não tinham razão. E também eram acusados disso.
A religião, muitas vezes, promoveu a razão da justiça e da solidariedade e do amor...Mas as suas premissas eram falsas.
A ciência da natureza descreve-a, verifica as causas e efeitos, quantifica-os, explica-os até ao ponto de dizer "isto é assim, porque acontece" ou, na geometria, "porque matematicamente é assim", pensemos no teorema de Pitágoras, mas não está a fazer mais do que constatar um facto.
Mas também podemos ter razão porque constatamos factos que são comportamentos, condutas, de pessoas que têm ou não têm razão.
E podemos ter razão, porque constatamos factos que são comportamentos, condutas, de pessoas, os quais não dependem de ter ou não ter razão.
Ter razão não é tudo e pode ser muito pouco, ou nada.
Nem tudo depende da razão. E nem todas as razões são boas.
Ser rico, saudável e feliz pode ser uma razão melhor para viver do que ser pobre, doente e infeliz.