A idade e o tempo deitam-se na mesma água
E acordam longe de tudo o que faz o encanto
De dois rios que se atravessam
Seguindo em direcções diferentes
A caminho do mesmo espanto
Cada vez mais distantes
As idades iniciais
Médias
Finais
São tão diferentes disso
Que as acho iguais.
Os milénios os séculos as décadas
Os anos os meses os dias as horas
São tão dignos de atenção
Que não temos vida para compreender
O tempo que vivemos
Este morto
Já não vive
Já não lhe digo tu
Não deixes que te matem
O sol e o mar ao largo
Vemos
Deste cemitério
De uma das mais de cem
Cidades
Sempre nos perdemos
Como perde quem
É a ponte mas não sabe
Entre eras e idades
Este morto
Não fala
Fria fronte
Face desentendida
Já não lhe dizem tu
O destino
A nós se reserva.
um rosto o que vês não é o reflexo do que conheces o espelho é uma porta aberta para a eternidade a entrada interdita à luz dos olhos não estavas à espera que um espelho fosse um pensamento que podes estilhaçar mas não consegues desarmadilhar embora penses que há-de haver uma chave para compreenderes o que pode acontecer de mal a um homem bom a verdade não tem fechadura.