Desta vez lembrei-me do cavalo
De um tempo que não passava
Isso sim era tempo
Eu não temia
Aventurava
E cada noite
E cada dia
Mais gostava
Do meu cavalo
Que pedi aos saltimbancos
E mo deram
Ou sem que eu saiba
Mo compraram
Na feira mais bonita
E mais saudosa
Em que estiveram
As pessoas menos sorumbáticas
Da história
O tempo passou
E o meu cavalo
Não gostou
E morreu.
.
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
sábado, 22 de janeiro de 2011
Beijos que te quero dar
Os teus olhos são o riacho emboscado
Onde hortelãs selvagens proliferam
O Verão feliz que não voltei a ter
Os reflexos que me deram
A imagem do que quero ser
Esta cidade não é
O chão luxurioso
De açafrões e margaridas
À espera do vento
Para se polinizarem
Mas a noite é
Desse tempo
De luar e água
Se casarem
Sofri
Mas valeu a pena
Pelos desejos imensos
Que aprendi
A não saciar
Pelos beijos
Que te quero dar.
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
Enquanto namoras
Enquanto namoras
Eu vou a liderar uma prova de canoagem
Que ainda está no princípio
E ignoro os que aplaudem
Na marginal
Mais imponente
Vista de uma canoa
No meio de um rio
Largo
A cidade
Levada para longe
Pela corrente
Que agora me favorece
Só no fim
Se verá
Enquanto estavas em algum lado
Ou a pintar o cabelo
Ou a dançar
Eu ia com a minha tia doente
À urgência do hospital
Psiquiátrico
Liguei-te para dizer que a noite é longa
E tu acordaste de um sonho
Amanhã é que é o futuro
Mas o presente
Não é de toda a gente.
domingo, 16 de janeiro de 2011
Sentimentos
A velha catedral não tem culpa
De imponência calada
Padece tudo
Sem dor nem queixa
Nada
Lhe faz mossa
Nos degraus da entrada
Uma miúda triste
Descansa ou morta
Dorme ou morre
Tatuada
Sem que ninguém
Se interrogue
Sobre os segredos
Ou que sonhos
Guarda.
Bendigo-te
Em nossos cios
O abismo
Dos nossos rios
O sol
Dos dedos
O limiar
Perfeito
Um desejo
Sem leito.
domingo, 9 de janeiro de 2011
Salvo erro
Não
Não está tudo errado
Salvo erro
Só o homem erra
Não há erro no céu
Nem na terra
No mar
No cão que ferra
A dor
O princípio e o fim
A eternidade
Nenhum erro encerra
E o prazer
Também não
Nem a tristeza
Nem a alegria
Que erro pode haver na noite
E no dia
Na vida
E na morte?
Não está tudo errado
Salvo erro
Só o homem erra
Não há erro no céu
Nem na terra
No mar
No cão que ferra
A dor
O princípio e o fim
A eternidade
Nenhum erro encerra
E o prazer
Também não
Nem a tristeza
Nem a alegria
Que erro pode haver na noite
E no dia
Na vida
E na morte?
sábado, 1 de janeiro de 2011
Em chamas imensas
De um fundo nocturno
Mas iluminado
Flamejam pontos
De luz
Muito distante
É tudo tão suave
E encantado
E o fogo das estrelas
Tão calmante
Que o mar
Nem por um instante
Parece que não é
Gigante
A minha rua estreita
Não termina
Aqui
Na praceta
Sobre duas palmeiras
Inclinadas
Em
Vê
Chamas imensas
Drapejam ao vento
Como pavilhões em tiras
De navio encalhado
Nas mentiras.
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Mas do que gosto mais
Gosto de estar com a gente
De jogar e de viver
Simplesmente
Respirar
Andar pelo campo
E pela cidade
Gosto da alegria
E gosto de cantar
De recordar
Da volúpia de imaginar
E compreender
A tristeza
Do que já não existe
Da miragem
Do futuro
Mas não gosto de pensar
Que tudo
É triste
Até a liberdade
Em certos momentos
Não serve para nada
Talvez seja uma ilusão
A tristeza
Um erro
Mas do que gosto mais
É da ficção
Do meu desterro
O sofrimento de imaginar
Tantos sentidos agrilhoados
Por alguma razão
E ter como prémio
A solidão.
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