Todas as perguntas que fazemos a nós próprios valem a pena. As que fazemos aos outros, não sei. Quando um arquitecto quis uma janela da casa, que custava mais que a casa toda, o dono da obra perguntou: qual é a utilidade disso? E o arquitecto respondeu: nenhuma. Eu penso nisso quando visito alguns monumentos, templos e quando observo cidades, ruas, fachadas... quando ouço música...quando assisto a fogos de artifício.
Mas, sem querer passar por pedante, por que não lembrar Homero quando ele inicia os seus poemas épicos com uma invocação à Musa?
Ou, séculos mais tarde, Platão, o primeiro filósofo da literatura?
Hesíodo, Sólon, Simónides, Píndaro e os retóricos e dramaturgos do séc.V, formularam observações críticas, por exemplo: que a poesia é uma coisa encantadora, que tem de ser aprendida como uma arte, que consiste numa escolha inteligente das palavras...
Durante muito tempo o encanto da minha infância consistiu na ilusão que eu tinha de que tudo nasceu depois de mim. Estranhei a História. Freud era capaz de "diagnosticar" complexo de Édipo.
quarta-feira, 22 de julho de 2009
terça-feira, 14 de julho de 2009
Sinto-me triste
Estou triste
Sinto-me triste
Nas conclusões que tiro
Até das coisas mais lindas
Que tem a vida
Sinto-me triste
Por não sentir alegria
Só de pensar
Que as histórias
Não têm final feliz.
Sinto-me triste
Nas conclusões que tiro
Até das coisas mais lindas
Que tem a vida
Sinto-me triste
Por não sentir alegria
Só de pensar
Que as histórias
Não têm final feliz.
domingo, 12 de julho de 2009
Não é justo
Não é justo que eu sonhe
justo é que maldiga
Não é justo que eu ria
Justo é que chore
Não é justo que eu cante
Justo é que deplore
Não é justa a alegria
Justa é a amargura
Não é justo que eu ganhe
Justo é que perca
Mas eu não sou de justiças
Sou de sonhos
E de risos
E canto como um doido
Com alegria de quem não tem culpa
E ganho mil vezes menos do que perco
E darei cabo dos filhos da puta
Que sejam a causa da minha agonia
Dar-lhes-ei batalha justa
Com raiva justa
Sem alegria.
justo é que maldiga
Não é justo que eu ria
Justo é que chore
Não é justo que eu cante
Justo é que deplore
Não é justa a alegria
Justa é a amargura
Não é justo que eu ganhe
Justo é que perca
Mas eu não sou de justiças
Sou de sonhos
E de risos
E canto como um doido
Com alegria de quem não tem culpa
E ganho mil vezes menos do que perco
E darei cabo dos filhos da puta
Que sejam a causa da minha agonia
Dar-lhes-ei batalha justa
Com raiva justa
Sem alegria.
quinta-feira, 9 de julho de 2009
E lá se foi
Um pássaro lindo
Voou ao contrário
Sugado por uma lembrança
De caminho andado
Mão dada
Numa eterna dança
Entre invernos sem ilusões
Um gato (pingado)
À chuva
Lá se foi
Platão
Eva
E Adão
Num jardim
Que não conheceis
De rosas em vasos imaginados
Mas que estão mortas
Há muito
No chão
Para onde cospe
O vilão
E dejecta
O fanfarrão.
Voou ao contrário
Sugado por uma lembrança
De caminho andado
Mão dada
Numa eterna dança
Entre invernos sem ilusões
Um gato (pingado)
À chuva
Lá se foi
Platão
Eva
E Adão
Num jardim
Que não conheceis
De rosas em vasos imaginados
Mas que estão mortas
Há muito
No chão
Para onde cospe
O vilão
E dejecta
O fanfarrão.
sábado, 4 de julho de 2009
Em certas horas
Em certas horas a (va)idade
É outra
Asa desbotada
De um enigma
Que os olhos embals(amam)
Em certos olhos a pena
Vale mais a pena
Do que uma resposta
Que a vida exige (à gente)
Em certas respostas os amigos
Brilham no firmamento novo
De uma distância
Que a rádio não prop(r)aga
Em certas distâncias o tédio
É surdo
Centro imperfeito
De um círculo
Que fecha contigo fora
Em certos círculos o melhor
É o que não pode
Vender
Nem ser comprado
Que é a fraqueza mais forte
Em certas compras a pessoa
Aliena solidão
E silêncio
Em troca de uma verdade
Pior.
É outra
Asa desbotada
De um enigma
Que os olhos embals(amam)
Em certos olhos a pena
Vale mais a pena
Do que uma resposta
Que a vida exige (à gente)
Em certas respostas os amigos
Brilham no firmamento novo
De uma distância
Que a rádio não prop(r)aga
Em certas distâncias o tédio
É surdo
Centro imperfeito
De um círculo
Que fecha contigo fora
Em certos círculos o melhor
É o que não pode
Vender
Nem ser comprado
Que é a fraqueza mais forte
Em certas compras a pessoa
Aliena solidão
E silêncio
Em troca de uma verdade
Pior.
terça-feira, 30 de junho de 2009
Eu nunca te disse adeus
Eu nunca te disse adeus
Não saberia fazê-lo
Alguma vez
Parti
Como parto sempre
Triste
E sem esperança
Por necessidade
Muito mais
Do que por vontade
Na morte
Tropeço
Na vida
Não há regresso.
Não saberia fazê-lo
Alguma vez
Parti
Como parto sempre
Triste
E sem esperança
Por necessidade
Muito mais
Do que por vontade
Na morte
Tropeço
Na vida
Não há regresso.
sexta-feira, 26 de junho de 2009
Inspiro-me
Inspiro-me nas lágrimas
Ao vento me queixo
Ao vento grito
A minha pena
Sem descanso
Agito
Inspiro-me nos sorrisos
Ao céu me dou
Ao céu profundo
Canto
Do mundo
Inspiro-me nos gestos
Miro a traição
Do informe
Escrevo
A denúncia
Inspiro-me nos campos
Sem futuro
Com raízes
Transcendentes
Inspiro-me na eternidade
Que é
Não compreendo
O mistério do ser
E do sendo
Inspiro-me na música
Que não soa
No silêncio
Deixado por tudo
Que amei
Inspiro-me…
Ao vento me queixo
Ao vento grito
A minha pena
Sem descanso
Agito
Inspiro-me nos sorrisos
Ao céu me dou
Ao céu profundo
Canto
Do mundo
Inspiro-me nos gestos
Miro a traição
Do informe
Escrevo
A denúncia
Inspiro-me nos campos
Sem futuro
Com raízes
Transcendentes
Inspiro-me na eternidade
Que é
Não compreendo
O mistério do ser
E do sendo
Inspiro-me na música
Que não soa
No silêncio
Deixado por tudo
Que amei
Inspiro-me…
terça-feira, 23 de junho de 2009
Entre o outro mundo e este
A mais oblíqua paleta
da tristeza mais perpétua
à alegria mais espontânea
é o poço do diabo
O diabo tem medo
e não passa pincéis
na rua do enxofre
Espalha matizes
de mar salgado
no que é mais breve
esse pano
de fundo
de que se veste
E vai com alguém
que não conheceste
de braço dado
entre o outro mundo
e este.
da tristeza mais perpétua
à alegria mais espontânea
é o poço do diabo
O diabo tem medo
e não passa pincéis
na rua do enxofre
Espalha matizes
de mar salgado
no que é mais breve
esse pano
de fundo
de que se veste
E vai com alguém
que não conheceste
de braço dado
entre o outro mundo
e este.
Carlos Ricardo Soares
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