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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Momentos fugazes


Oh! Fugazes momentos
Que só Deus retém
Efémeras mentiras, é verdade,
É o melhor que a vida tem
Verdades efémeras,
Que saudade!
Ilusões com mais realidade
Do que ela tem.


quarta-feira, 24 de outubro de 2012

E é a mim


Às três pancadas
em margens ocultadas
Do vão
Adrede morde
A mão
Te impede
A toda a brida

Dei comigo a sonhar
Até acordar
Que os seres
Na sua fascinante variedade
Parecem ser
A realização
Do sonhar
E fantasiar

E é a mim
Que acontecem estas coisas
Que o não são.


terça-feira, 9 de outubro de 2012

A nascer dos pés


As temperaturas 
ao sol ardente 
brisa no sisal 
de Angola
amor 
sem roupa 
nem medo nem sinal 
das marés 
nas sandálias do pescador
de ondas 
de amplitudes
de sedimentos
a nascer 
dos pés
a propagar 
da abissal planície
uma voz 
a cantar
a solidão 
daquele lugar
que o mar 
sentisse
a pulsar. 

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

À procura de um papel


Onde está aquela abóbora?
Na idade das trevas?
Na idade das luzes?

Aqueles burros nada dizem
Nem que está no tempo
Nem que está no caminho.

E vós?
Dizeis alguma coisa?
Estais no caminho certo?
Não sabeis?
Andamos perdidos?
Que é que faço?
Que é que digo?

O mendigo já não está lá
A falar aos transeuntes
Mas ainda não foi parar
Ao depósito dos defuntos
Sem abrigo.



segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Mal encarados


O sofrimento é das flores
Que tantas vezes preferem
Morrer
A ferir com suas raízes
Delicadas
Pedras
Vivendo o tempo breve
Que tem o sol
E ninguém mais
Para as ver.


domingo, 9 de setembro de 2012

Palácios confusos



Nunca os mesmos
cada vez que avistaram

meus olhos

de longe

na penumbra de anos
nas brumas de décadas
ali estão
e ali ficam
palácios confusos edifícios
memórias que me elevam
a uma transparência
calma
sem vícios.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

É triste recordar



Com recordar
felizes momentos
se vive
triste
que o bom acaba
e não merece mais
que o mau
que não dura sempre
como só a verdade
dói.



sábado, 11 de agosto de 2012

Conto ao meu tempo


Conto ao meu tempo
que o meu tempo sabe
e me ensina
a felicidade infeliz
que assim foi
como dizem que assim é
agora
ao depois que fora
apenas a voz do que era
ninguém ignora
lança ou expande
da terra
o que a canto destina
e a terra eleva
sem tempo
escreva.