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domingo, 2 de fevereiro de 2025

Dás-me prazer IV

IV

A tua pele

Cheira bem

Tu

Cheiras bem

Tens um cheiro bom

Cheiras-me a flor sem tempo

                Carlos Ricardo Soares

 


sábado, 1 de fevereiro de 2025

sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

Escola(s) para todos

Falar da Escola, digo Escola Pública, não é o mesmo que falar de Escola, em geral, nem de Escola, enquanto Ensino Particular, como vem sendo entendido em Portugal. É uma frustração sem saída retomar os temas à volta da Educação e do Ensino, do que são e do que devem ser, sem delimitar convenientemente o tema e o problema. Uma afirmação válida para a Escola Pública pode ser descabida para o Ensino Particular.

A impressão com que fico sempre que leio opiniões sobre estes assuntos é que, um pouco à semelhança do que se passa no futebol, todos sabem o que é, porque as regras do jogo são simples, muitos dizem o que deve ser, mas só uns tantos jogam e, destes, nenhum se conforma com o jogo em que sai a perder. De qualquer modo, o que decide o resultado nunca é uma mera soma de factores, que são conhecidos de todos. Por isso é que, tal como também acontece nas missas, os treinos e as palestras dos treinadores, tirando a parte física e táctica, repetem-se e podiam ser substituídas por um robot.

Podia até ir mais longe para dizer que, tanto o jogo da bola como as missas, são passíveis de serem substituídos por estruturas a que, por simples comodidade, chamamos genericamente de robots. Mas só até certo ponto porque, tanto o espectáculo do futebol como os rituais religiosos, fazem parte de um sistema significativo de respostas culturais e de relações sociais cujos efeitos no “modus vivendi” e implicações na organização das prioridades e nos projectos de vida das pessoas tendem a sobrepor-se ao interesse do espectáculo e da participação religiosa em si mesmos. Nem os espectadores vibrariam com uma qualquer vitória de um jogo entre robots que não se identificassem com uma hoste, nem Deus aplacaria a sua ira tenebrosa se em vez de uns quantos humanos, esporadicamente suplicantes, fossem inúmeros robots dedicados, inteira e permanentemente, a orar e a entoar cânticos.

Na Escola, a parte humana, física e mental do processo de aprendizagem e de aplicação de competências e de conhecimentos, não deve ser metida numa trituradora altifalante e repetitiva, dos sentidos, da energia e da paciência para pensar, levando tantas vezes ao resultado oposto daquilo que devia ser realizado.

A forma como a Escola está estruturada e organizada, numa sala com um professor e um livro (entretanto foram retiradas a palmatória e a cana), ou outros recursos do mesmo tipo e com idêntica finalidade de incutir aprendizagem teórica em situação de simulação, se funciona com algum tipo de alunos, não resulta para a maioria.

A própria predisposição individual do aluno para se sentir bem e realizado num modelo que ele gere muito bem e com sucesso, é uma condição “sui generis” que, nos tempos em que fui estudante, era, praticamente, “conditio sine qua non” para ser encaminhado para a Escola.

Houve uma grande mudança social e político-económica que promoveu e potenciou a obrigatoriedade de um modelo que não se adaptou à nova realidade dos alunos. Digamos que, grosso modo, não conseguiu ultrapassar o problema de o aluno ser uma espécie de variável independente.

Na realidade, não é boa ideia fazer de conta que têm de ser os alunos a mudar para que a Escola continue a ser o que era. Boa ideia será encarar o facto de que, se não é possível adaptar os alunos à Escola, talvez o melhor seja pensar em adaptar a Escola aos alunos, porque a Escola é uma variável dependente.

                 Carlos Ricardo Soares

domingo, 26 de janeiro de 2025

Contentar-se com a tristeza

Por estar ali

O mar

Por estares ali

Sentiste

Por teres de ficar

Partiste

Por teres de contentar-te

Com estar triste

Por não poderes vingar-te

Do que não existe.

           Carlos Ricardo Soares

sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

Quem tem imaginação tem tudo

Sedutora

Poderosa ninfa

A minha memória está cheia

De pessoas encantadoras

A maior parte

Que eu não conheci

E de lugares de sonho

Que talvez nunca chegue a visitar.

                        Carlos Ricardo Soares


domingo, 19 de janeiro de 2025

Aproximações à verdade XXXVII

Hilário: simplesmente bela!

Amiga: estás a cometer uma imprudência

Hilário: essa palavra faz arrepiar o mais pintado

Amiga: qual palavra?

Hilário: imprudência

Amiga: tens noção do perigo que existe para a tua reputação se elogiares uma mulher?

Hilário: foi por impulso, ou instinto, sei lá, já elogiei tantas mulheres e vi sempre a minha reputação ganhar com isso

Amiga: elogiaste quem? As tuas avós, a tua mãe, a tua madrinha, as tuas tias, a tua sogra, a tua mulher, a tua filha?

Hilário: e elogiei-te agora mesmo

Amiga: a imprudência é que eu poderia pensar que te estás a atirar a mim

Hilário: eu sei que nunca pensarias uma coisa dessas

Amiga: pois eu acho que a imprudência está aí na linha que separa o elogio do galanteio

                                     Carlos Ricardo Soares