segunda-feira, 6 de outubro de 2014
O poeta declara por sua honra
O poeta declara por sua honra
Que não sabe
Onde ouvirás sinos de palavra
Se nos sulcos de mãos limpas
Ou se é pouco ou nada estares
Disponível para azares
Se não os procurares
Que por envergares traje
E barrete napoleónicos
Ainda menos figura fazes
Do que uma cavalgadura
Que quem espera ser servido
Só conhecerá os manjares
Do que é requerido
Se o esperar é muito mais
Que o desdenhar
Incomparável é procurar
Que ao sábio se consinta
Invocar cepticismo
E que aos demais
A ignorância
Seja tolerada…
… … … … …
sábado, 27 de setembro de 2014
sábado, 20 de setembro de 2014
Não sei se me compreendes
Se compreendesses o que eu sinto
Quando a imperatriz despe o único manto
Que a resguardava da história de amor
Que veio a acontecer
No maior dos segredos
Apenas partilhada com imenso prazer
Com os pássaros dos jardins
Que a imitavam
E propalavam alegremente
Em deslumbrantes gorjeios…
Se não me compreendes
Não me compreendas
Não sei se me compreendes.
domingo, 7 de setembro de 2014
Poema adiado
A minha vida
tem sido uma
tentativa
de poema
que dissipe o que
houver
entre o olhar
e a cegueira
não transforme
ao ser
poema seja
inteligência
de quem não sabe
e não mente
seja
audível
para surdos
ao que gera silêncios
por onde o pensamento
se evade
o corpo
alguma vez
triunfe
do inenarrável
das prisões
de palavras
como a aurora
se erga
e ilumine
este vasto cemitério.
sábado, 23 de agosto de 2014
Escrevo este poema porque
Escrevo este poema
porque
Estou com um livro na
mão
Passei o dia a ler
notícias
e a pensar
Tenho passado
metade da vida a ler
notícias
e outra metade a
olhar
para o mundo
que não pára
de me surpreender
Escrevo este poema
porque
o tempo que não
sobrou
passei-o
a viver
se é que isso importa
e se não importa
escusado será dizer.
sexta-feira, 22 de agosto de 2014
Desçamos à terra
Que o vão seja a
forma
de um apenas
e haja forma de o ser
manter raízes
que a dor de saber
que nos condenas
oh, Deus! É uma dor
por aquilo que não
dizes.
Não busco canto nem
dia perfeito
não busco nada
no que aparece
a maior parte
é este meu defeito
de acreditar
naquilo que acontece.
Como se a própria
vida
me traísse
embora eu pense
que o traidor sou eu
tenho pena por tudo
o que não disse
melancolia
pelo que morreu.
Estranha esta alegria
de estar vivo
estranho mundo
sob estranho céu
a minha vida
ganha algum sentido
se penso no sentido
que perdeu.
sexta-feira, 15 de agosto de 2014
Palácios confusos
Nunca os mesmos
cada vez que avistaram
meus olhos
de longe
na penumbra de anos
nas brumas de décadas
ali estão
e ali ficam
palácios confusos edifícios
memórias que me elevam
a uma transparência
calma
sem vícios.
terça-feira, 12 de agosto de 2014
É por seres como és
É por seres como és
que te sinto
a imensidão
do deserto
e o instinto
nunca estive tão perto
de um labirinto
aberto
tão certo
que acredito
nos teus olhos
de um escuro infinito.
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