No ponto mais setentrional das névoas perpétuas
No informe aglomerado de construções à chuva
Uma placa diz cidade e começam as galerias
De uma tarde na adega tonel
Que vai desembocar nesta folha de papel
E deparar sem saída com a porca
Das sete mamas de um cardápio virtual
Suspenso dos chifres de um bicho
De sete cabeças em espiral
Drapejando ruidosamente.
sexta-feira, 5 de junho de 2009
sexta-feira, 22 de maio de 2009
O poeta declara por sua honra
O poeta declara por sua honra
Que não sabe
Onde ouvirás sinos de palavra
Se nos sulcos de mãos limpas
Ou se é pouco ou nada estares
Disponível para azares
Se não os procurares
Que por envergares traje
E barrete napoleónicos
Ainda menos figura fazes
Do que uma cavalgadura
Que quem espera ser servido
Só conhecerá os manjares
Do que é requerido
Se o esperar é muito mais
Que o desdenhar
Incomparável é procurar
Que ao sábio se consinta
Invocar cepticismo
E que aos demais
A ignorância
Seja tolerada…
… … … … …
Que não sabe
Onde ouvirás sinos de palavra
Se nos sulcos de mãos limpas
Ou se é pouco ou nada estares
Disponível para azares
Se não os procurares
Que por envergares traje
E barrete napoleónicos
Ainda menos figura fazes
Do que uma cavalgadura
Que quem espera ser servido
Só conhecerá os manjares
Do que é requerido
Se o esperar é muito mais
Que o desdenhar
Incomparável é procurar
Que ao sábio se consinta
Invocar cepticismo
E que aos demais
A ignorância
Seja tolerada…
… … … … …
quarta-feira, 20 de maio de 2009
Nós hoje
Órfãos de alguma espécie de apostolado
Estamos cercados
De falas
Como é difícil ao espectro
ficar calado!
Como é difícil ao espectro
Dizeres que o calas!
Como é difícil ao dinheiro
Não o gastar
A um poluente
Não o usar
Não ter uma sombra
E monologar
A campo aberto
Merdar!
Como é difícil estar certo
Não querer
Moeda falsa
Para poder
Ofertar!
Trabalhar cansa
E não acaba!
Se a vida não se vence
Para quê lutar?
Dai-me a luxúria
Sem corpo
Da ideia
Vazia
Ou o eco
Dos limites.
Estamos cercados
De falas
Como é difícil ao espectro
ficar calado!
Como é difícil ao espectro
Dizeres que o calas!
Como é difícil ao dinheiro
Não o gastar
A um poluente
Não o usar
Não ter uma sombra
E monologar
A campo aberto
Merdar!
Como é difícil estar certo
Não querer
Moeda falsa
Para poder
Ofertar!
Trabalhar cansa
E não acaba!
Se a vida não se vence
Para quê lutar?
Dai-me a luxúria
Sem corpo
Da ideia
Vazia
Ou o eco
Dos limites.
sexta-feira, 8 de maio de 2009
Desafios
As árvores de braços caídos
Sem vontade de céu
Onde estão
Rendidos
A uma paz de enterro
Que nos atormenta
Na fragilidade
De névoa matinal
De uma paisagem
Que flutua
Sobre tantos desafios
Uma haste
E uma bandeira a meio
Ladejando a estrada
Não sou eu que penteio
É o vento
Que agita a sacada.
Sem vontade de céu
Onde estão
Rendidos
A uma paz de enterro
Que nos atormenta
Na fragilidade
De névoa matinal
De uma paisagem
Que flutua
Sobre tantos desafios
Uma haste
E uma bandeira a meio
Ladejando a estrada
Não sou eu que penteio
É o vento
Que agita a sacada.
domingo, 26 de abril de 2009
Com vistas para o Tejo
E chegou uma carripana
Com altifalantes
E desenhos de bichos
Nunca vistos
Iam contar a história de umas fantasmagorias
Com vozes distorcidas
Chamadas “uquês”
Eu estava à tua espera
Com a bonomia
E a felicidade
De um apaixonado
Mas não estava nas nuvens
Percorri quatrocentos quilómetros
Até Lisboa
Para te abraçar
E estar contigo
(Quem nunca se apaixonou
Não percebe o que digo)
Tu tinhas percorrido mil
E quando chegou o momento
Do nosso abraço
Nada se desmoronou
Nem o vento ganhou asas
Num exíguo espaço
Na pequena sombra
Entre duas casas
Com vistas para o Tejo
Numa rua torta
Quis o tempo
Ser essa tarde
E sem chave
Abrir a porta.
Com altifalantes
E desenhos de bichos
Nunca vistos
Iam contar a história de umas fantasmagorias
Com vozes distorcidas
Chamadas “uquês”
Eu estava à tua espera
Com a bonomia
E a felicidade
De um apaixonado
Mas não estava nas nuvens
Percorri quatrocentos quilómetros
Até Lisboa
Para te abraçar
E estar contigo
(Quem nunca se apaixonou
Não percebe o que digo)
Tu tinhas percorrido mil
E quando chegou o momento
Do nosso abraço
Nada se desmoronou
Nem o vento ganhou asas
Num exíguo espaço
Na pequena sombra
Entre duas casas
Com vistas para o Tejo
Numa rua torta
Quis o tempo
Ser essa tarde
E sem chave
Abrir a porta.
sábado, 25 de abril de 2009
Você
Você é meu tema
Sem segredo
E sem pecado
Apócrifo
Poema
Desalinhado
Você rachou
O esquema
Rasgou
O traçado
E me deixou
Desorientado
Fazendo rimas
Como um disco
Riscado.
Sem segredo
E sem pecado
Apócrifo
Poema
Desalinhado
Você rachou
O esquema
Rasgou
O traçado
E me deixou
Desorientado
Fazendo rimas
Como um disco
Riscado.
quinta-feira, 23 de abril de 2009
Cansado
Neste acesso de febre alta
Esqueço tudo em delírio
O mundo que tão pouco conheci
E de cujas guerras e dramas desisti
Que sempre ignorei de soslaio
E até o que
Do mundo sempre elegi
Do passado os mitos e os heróis
Modelos que nos humilham aos nossos olhos
Mas que pretensamente
Nos engrandecem aos olhos estrangeiros
Do presente as vacuidades
Mais benévolas possíveis
De preferência aromáticas
E afrodisíacas
E laxantes
Que inebriem sem as sequelas
Das drogas
O que penso (e o que
Não sei se) me importa
Não sei qual é pior
Se o cansaço do que não faço
Se estar cansado
De estar cansado
Ou se
Estar cansado de descanso
Cansado de remanso
Da monotonia da beleza
E serenidade
Da natureza
De ouvir (já nem ouço)
Os pássaros
De olhar (já nem olho)
Para o céu estrelado…
Do bem que me fazem
E da saúde que tenho
Me cansa o prazer
De tudo bom ter
Me cansa não sentir até
Necessidade de o dizer.
Esqueço tudo em delírio
O mundo que tão pouco conheci
E de cujas guerras e dramas desisti
Que sempre ignorei de soslaio
E até o que
Do mundo sempre elegi
Do passado os mitos e os heróis
Modelos que nos humilham aos nossos olhos
Mas que pretensamente
Nos engrandecem aos olhos estrangeiros
Do presente as vacuidades
Mais benévolas possíveis
De preferência aromáticas
E afrodisíacas
E laxantes
Que inebriem sem as sequelas
Das drogas
O que penso (e o que
Não sei se) me importa
Não sei qual é pior
Se o cansaço do que não faço
Se estar cansado
De estar cansado
Ou se
Estar cansado de descanso
Cansado de remanso
Da monotonia da beleza
E serenidade
Da natureza
De ouvir (já nem ouço)
Os pássaros
De olhar (já nem olho)
Para o céu estrelado…
Do bem que me fazem
E da saúde que tenho
Me cansa o prazer
De tudo bom ter
Me cansa não sentir até
Necessidade de o dizer.
sexta-feira, 17 de abril de 2009
Nas estrelas dos teus olhos
Nas estrelas dos teus olhos
Brilhos de solidão sem fronte
E sem trono
Pedem motivos sem explicação
A quanto vale o que adoras
Se mau grado ao visível confias
Ou se
Bom grado o invisível
Não trocas por nada
O que não é teu
Faz-te falta não te perderes em medos
De não existência
Do que te criou
Que para te abandonar
Tivesse morrido
A angústia de filho tranca-se
À interrogação do que pode ser
A angústia de pai.
Brilhos de solidão sem fronte
E sem trono
Pedem motivos sem explicação
A quanto vale o que adoras
Se mau grado ao visível confias
Ou se
Bom grado o invisível
Não trocas por nada
O que não é teu
Faz-te falta não te perderes em medos
De não existência
Do que te criou
Que para te abandonar
Tivesse morrido
A angústia de filho tranca-se
À interrogação do que pode ser
A angústia de pai.
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