quinta-feira, 17 de novembro de 2016
Para ser científico
Sou contra todas as tentativas de "imposição" de crenças, religiosas, científicas, filosóficas, ideológicas... Mas o que é mais corrente é isso: todos, desde os ateus aos cépticos, não param de tentar "expandir" a sua fé.
Na ciência é a mesma diligência. E por aí fora.
Mas eu sou contra isso, porque sou preguiçoso e não me preocupo com a sorte das pessoas após a vida.
A brincar que o diga, preocupo-me com a sorte dos vivos, tanto daqueles que são vivos de mais como daqueles que são vivos o suficiente para viverem à custa dos menos vivos, ou dos mortos.
A minha preguiça tem a ver com isso, com a preocupação que tanta gente que me não conhece tem por mim. Eles são escritores, poetas, cientistas, papas, políticos, militares, médicos, professores, juízes, polícias, cantores, construtores de automóveis e de aviões, farmacológicas, etc., etc..
Habituado, como estou, desde que nasci, a ver tanta gente envolvida em "guerras" e em "pazes" por minha causa, deixei de me preocupar. Afinal, não preciso de me preocupar.
Mas preocupo-me porque quero paz e liberdade, não quero que me forcem a ser feliz, não quero que sejam infelizes só porque eu não me vou salvar.
Enfim, a minha preguiça não vai tão longe que eu não queira dialogar.
Então, sempre que me aparece um artista, um cientista, um "iluminado", um político...que me quer salvar, eu agradeço e peço apenas uma coisa em troca de ouvir: que me deixem falar tanto quanto os ouça.
E marco no relógio. Para ser científico.
Assim, eu tenho alguma certeza de estar de igual para igual.
quarta-feira, 12 de outubro de 2016
Entre nós
Não há nada
para decifrar
pergunta nenhuma
para responder
se a felicidade é
um não problema
se a competência
para escolher
o melhor
é uma forma desajeitada
de pensar
para além de nós.
para decifrar
pergunta nenhuma
para responder
se a felicidade é
um não problema
se a competência
para escolher
o melhor
é uma forma desajeitada
de pensar
para além de nós.
domingo, 14 de agosto de 2016
Vem
Vem pernoitar no escuro
até onde só eu
te encontre
no silêncio
até onde só tu
me ouças
na doçura
até onde só nós
estejamos
na música
até onde
só nada ouçamos
só nada ouçamos
na loucura
até onde só nós
chegamos.
chegamos.
sábado, 9 de julho de 2016
Todos nos lembramos e não sabemos
Todos nos lembramos
de algum dia salvo
de não ser verdade
que continua a matar-nos
de saudade
na eternidade da espera.
domingo, 19 de junho de 2016
Não há volta a dar
A verdade é esta
a ciência e a tecnologia substituem tudo
com muita velocidade
mas nenhuma ciência restitui a minha vontade
cura a minha melancolia
a minha saudade
nenhuma ciência ou filosofia
me devolve aquele mundo
a minha verdade
de ser feliz
o indescritível prazer
de estar na eternidade
como num quadro emoldurado
de tudo o que é preciso
para que a mudança só acontecesse
a meu gosto
e eu de todos e tudo
dispensasse um juízo
nenhuma ciência filosofia arte
ou religião
nenhum conhecimento ou ação
me devolve a paixão
do que era preciso
para ser feliz
nada agora
olhando com todos os olhos
construídos
de esforços para o merecer
é o que eu queria
tudo me foi sendo negado
em nome de algo
que eu devia
fui sendo educado
e sofria
na promessa de que valia a pena
se valeu para os outros
não valeu para mim.
sábado, 11 de junho de 2016
Parar não é morrer
Não tombem pássaros
em voo cansado
nem muito ao de leve
toquem
das ondas a frescura
da miragem breve
do velame assombrado
da nau amargura
toquem
das ondas a frescura
da miragem breve
do velame assombrado
da nau amargura
até passar
o mar
a liberdade
arrebatará
arrebatará
os mensageiros
da tarde.
da tarde.
domingo, 5 de junho de 2016
Maldito dever
Acabei por ter de fazer
o que nunca quis
deixar a estrada
o caminho que fiz
a fantasia da natureza
amada
com seus relógios
de sol e de lua
e de água
seus ritmos de frio
calor e chuva
e trovoada
seus perigos selvagens
encantos e miragens
em troca de nada
deixei tudo
que me fazia feliz
porque tinha de ser.
Maldito dever.
domingo, 29 de maio de 2016
Já há muito que não escrevo
Há muito que não escrevo
a folgar do longo tempo
em que escrevia
para me inventar
para me inventar
na indomável imensidão
das palavras
iluminar a vista
com a visão
que argamassa
átomos
em sóis sobre as muralhas
de cada dia.
com a visão
que argamassa
átomos
em sóis sobre as muralhas
de cada dia.
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