Ainda está por começar uma República, que seja democrática, respeitadora dos direitos individuais, desenfeudada dos poderes económicos organizados nos bastidores da fachada política, cujos eleitos (representantes) não sejam marionetas de um teatro que a turbamulta toma por vida e gesta de deuses e de demónios a que tem de estar sujeita.
Ainda estamos na antiguidade da organização social e política, mas acredito que não será por muito mais tempo. É como se andássemos a laborar no modelo ptolomaico por não conhecermos o modelo copernicano.
Estamos a remendar um tecido podre com todo o tipo de tecidos. Isto favorece um estado de espírito eufórico e muitas vezes alienado de crença no sistema de soluções, muito mais do que nas soluções do sistema.
Muito pouco daquilo que nos ensinam sobre liberdade e direitos e dignidade é verdade, mas nós só saberemos se descobrirmos.
As incoerências são tantas que ao defendermos a liberdade estamos a defender a prisão, a caixa.
O ensino e a aprendizagem são instrumentos que, como qualquer instrumento, não são desinteressados, nem inócuos, nem inocentes, têm objetivos.
O serem obrigatórios, em qualquer estádio de socialização do indivíduo, não pode deixar de os tornar suspeitos, de muitos pontos de vista, militar, político, económico, religioso...
Numa perspectiva de dogmática jurídico-política, sempre podemos questionar o sentido e a legitimidade da obrigatoriedade de ser civilizado, de frequência e avaliação do sistema de ensino, ou de um sistema militar, ou religioso...
Aliás, o simples facto, anódino e inofensivo, de alguém querer ser selvagem não me parece encontrar solução nem acolhimento no cardápio de direitos, liberdades e garantias, do catecismo das nações civilizadas.
Ou não vivemos numa civilização à força, que tem como bandeira a liberdade?
quinta-feira, 21 de novembro de 2019
domingo, 17 de novembro de 2019
Os ideais de todos e a realidade de ninguém
Enquanto as discussões sobre os problemas ocorrem sob a égide de uma suposta bondade estribada numa suposta racionalidade de uma suposta justiça classificativa e seriadora, não temos razões para pensar que aqueles que suspeitam de uma tramóia não sejam, no fim de contas, os mais devotos defensores dos princípios e do paradigma em que a mesma assenta.
Acaso alguma vez os sistemas de ensino, mesmo esquecendo a autocrática supremacia da Teologia, em tempos mais recuados, relativamente a todas as outras disciplinas, corporizaram os ideais de todos e a realidade de ninguém?
Acaso alguma vez os sistemas de ensino, mesmo esquecendo a autocrática supremacia da Teologia, em tempos mais recuados, relativamente a todas as outras disciplinas, corporizaram os ideais de todos e a realidade de ninguém?
terça-feira, 12 de novembro de 2019
A educação da linguagem/a linguagem da educação
O mundo em que vivemos atinge graus de complexidade cada vez maiores, não apenas por serem mais e maiores os problemas que enfrenta, mas também por ser tendencialmente
desgovernado, se tivermos em mente a noção de governo em que fomos "educados", mas sobretudo a ideia, generalizada, mas não aceite, de que os governantes são tão inteligentes que
nem precisaram de estudar para nos darem ordens e de que, nós, os governados, somos tão burros que precisamos de estudar toda a vida para tentarmos perceber as ordens que eles nos dão.
Os governantes "sabem", mas eu não sei, se é a educação que perverte a linguagem ou se é esta que perverte aquela, ou se a linguagem, pervertida, perversa, ou não, é um problema para a educação, ou vice-versa, embora o problema, na realidade, seja o problema da educação e não o problema da linguagem.
Os governantes "sabem", mas eu não sei, se é a educação que perverte a linguagem ou se é esta que perverte aquela, ou se a linguagem, pervertida, perversa, ou não, é um problema para a educação, ou vice-versa, embora o problema, na realidade, seja o problema da educação e não o problema da linguagem.
sábado, 9 de novembro de 2019
Nada será como antigamente
Torna-se cada vez mais patente, para não dizer evidente, que muita coisa está a mudar e, no ensino, também.
Se é para melhor ou pior, eis o problema.
Mas nada será como antigamente. E antigamente era o que se sabe: nem tudo se recomendaria.
O antigamente seria recomendável nas situações em que o presente fosse tão abonatório do passado que nem havia necessidade de o recomendar. Assim, estamos forçados a censurar e a louvar o passado pelo presente que nos "legou".
Se é preciso trabalhar muito para que tudo continue na mesma, quanto mais ou quanto menos não é preciso para mudar?
Se é para melhor ou pior, eis o problema.
Mas nada será como antigamente. E antigamente era o que se sabe: nem tudo se recomendaria.
O antigamente seria recomendável nas situações em que o presente fosse tão abonatório do passado que nem havia necessidade de o recomendar. Assim, estamos forçados a censurar e a louvar o passado pelo presente que nos "legou".
Se é preciso trabalhar muito para que tudo continue na mesma, quanto mais ou quanto menos não é preciso para mudar?
sábado, 2 de novembro de 2019
Fugir ao destino - Big bang
Será que podemos fugir ao destino? O destino, por natureza, é triste e, muitas vezes, trágico. Não precisamos de ser muito sábios para constatarmos
a realidade do destino. Tudo isto é fado, tudo isto é triste, ou, tudo isto é triste, tudo isto é fado. Não se trata de optimismo ou de pessimismo. Optimismo ou pessimismo, cada um toma o
que quer.
Talvez nenhuma espécie, como a humana, viva o dilema e o problema de as coisas não terem de ser como são, mas serem como são, apesar de não deverem ser como são.
Volto ao princípio: será que podemos fugir ao destino?
Tudo indica que sim e tudo indica que não. O big bang pode ser entendido como uma fuga ao destino. No entanto, cumpriu o destino. E, assim, tem sido ao longo de milhões e milhões de anos. Nos últimos séculos, os registos históricos revelam que a humanidade tem estado tão obcecada a fugir ao destino, que quase não tem tempo nem disponibilidade para mais nada. E, assim, cumpre o seu destino de fugir ao destino.
Inventa-se tudo, pensa-se em tudo, sacrifica-se tudo, faz-se tudo, para escapar ao destino. Mas o destino é cada vez mais destino.
Sem querer ser "totalitário", diria que todas as revoluções, toda a discussão e dialéctica entre o bem e o mal, toda a cultura e todas as guerras, quiseram moldar o destino e conseguiram-no.
Volto ao princípio: será que podemos fugir ao destino?
Tudo indica que sim e tudo indica que não. O big bang pode ser entendido como uma fuga ao destino. No entanto, cumpriu o destino. E, assim, tem sido ao longo de milhões e milhões de anos. Nos últimos séculos, os registos históricos revelam que a humanidade tem estado tão obcecada a fugir ao destino, que quase não tem tempo nem disponibilidade para mais nada. E, assim, cumpre o seu destino de fugir ao destino.
Inventa-se tudo, pensa-se em tudo, sacrifica-se tudo, faz-se tudo, para escapar ao destino. Mas o destino é cada vez mais destino.
Sem querer ser "totalitário", diria que todas as revoluções, toda a discussão e dialéctica entre o bem e o mal, toda a cultura e todas as guerras, quiseram moldar o destino e conseguiram-no.
sábado, 26 de outubro de 2019
Pão pão, queijo queijo
Um discurso no qual cabe tudo e mais alguma coisa é um discurso vazio, opressivo, violentador da atenção e das expectativas de coerência.
Se o pensamento
tivesse tímpanos, rebentariam.
Receio bem que a Escola esteja demasiado inundada por esta onda devastadora de palavreado psicadélico.
Ainda não compreendi por que razão a maioria das pessoas não prefere o "pão pão, queijo queijo" das ciências, nomeadamente da natureza, em que cada coisa tem um nome e uma função e uma composição.
Só por isto, por a escola não ser capaz de mobilizar as aprendizagens para o "pão pão, queijo queijo", inclino-me a pensar que tem muitas ineficiências.
Receio bem que a Escola esteja demasiado inundada por esta onda devastadora de palavreado psicadélico.
Ainda não compreendi por que razão a maioria das pessoas não prefere o "pão pão, queijo queijo" das ciências, nomeadamente da natureza, em que cada coisa tem um nome e uma função e uma composição.
Só por isto, por a escola não ser capaz de mobilizar as aprendizagens para o "pão pão, queijo queijo", inclino-me a pensar que tem muitas ineficiências.
domingo, 13 de outubro de 2019
Mais perigosa do que o buraco do ozono
A ciência e a técnica e as tecnologias vieram estabelecer (fazer com que se estabelecesse) um sistema de prioridades e de valores que tende, senão a desprezar, pelo
menos a relegar para plano secundário, ou irrelevante, a história, o sentido e o conhecimento do passado.
O capitalismo financeiro e o capitalismo industrial formaram a dupla perfeita e são a dupla
perfeita para a promoção da ciência, da tecnologia e de tudo o que possa dar retorno (estou a falar de dinheiro).
Infelizmente, os critérios do retorno (capital financeiro) não são sustentáveis, e nem questiono se são desejáveis ou se são eticamente admissíveis.
Também foi uma pena imensa não ter havido da parte de ninguém uma previsão (visão) da furibunda barbaridade que se estava (e está) a cometer contra o planeta (em troca de mais dinheiro, para cometer mais barbaridades, em troca de mais dinheiro...).
O melhor dos mundos possíveis instalou-se e o dinheiro, que avançava na forma de tanques de guerra, passou a chover sob a forma de bombas em cima de cidades incrivelmente belas, com uma história incrível. Mas que ficaram reduzidas a cinzas (as cidades e as pessoas). As cinzas não fazem história.
Hoje interrogo-me se posso dizer que não participo ou participei
(conscientemente) em alguma guerra (do dinheiro e seus servidores).
As guerras tendem a ser vendidas como amor, mas as suas consequências são desastrosas.
E, se calhar, não merecemos mais do que isso. Mas aqui acabam os direitos do homem. Se é que alguma vez existiram verdadeiramente.
A ciência e a tecnologia e os poderes políticos colocam-se de tal modo ao serviço da ignorância e da estupidez, que é preciso criar um super poder que o impeça, que impeça a vaga (espiral) de destruição bélica e punitiva, quando não são apenas comportamentos chauvinistas e xenófobos, aberrantes (e cá vem a palavra proibida "odiosos").
A cultura não tem chegado a todos.
Muitos episódios, de que temos conhecimento através dos noticiários (os meios de difusão e de comunicação também servem para isto), revelam um desconhecimento preocupante, por parte de populações urbanas de países desenvolvidos, do significado de igualdade, liberdade, direito e, pior do que isso, uma ausência de percepção ou sentimento de reciprocidade, negando a lógica inerente ao "meum et tuum", que sustenta o entendimento do respeito do indivíduo.
Esta lacuna é mais perigosa do que o buraco do ozono, mas não vi nenhuma comunidade científica a vaticinar tragédias.
Infelizmente, os critérios do retorno (capital financeiro) não são sustentáveis, e nem questiono se são desejáveis ou se são eticamente admissíveis.
Também foi uma pena imensa não ter havido da parte de ninguém uma previsão (visão) da furibunda barbaridade que se estava (e está) a cometer contra o planeta (em troca de mais dinheiro, para cometer mais barbaridades, em troca de mais dinheiro...).
O melhor dos mundos possíveis instalou-se e o dinheiro, que avançava na forma de tanques de guerra, passou a chover sob a forma de bombas em cima de cidades incrivelmente belas, com uma história incrível. Mas que ficaram reduzidas a cinzas (as cidades e as pessoas). As cinzas não fazem história.
Hoje interrogo-me se posso dizer que não participo ou participei
(conscientemente) em alguma guerra (do dinheiro e seus servidores).
As guerras tendem a ser vendidas como amor, mas as suas consequências são desastrosas.
E, se calhar, não merecemos mais do que isso. Mas aqui acabam os direitos do homem. Se é que alguma vez existiram verdadeiramente.
A ciência e a tecnologia e os poderes políticos colocam-se de tal modo ao serviço da ignorância e da estupidez, que é preciso criar um super poder que o impeça, que impeça a vaga (espiral) de destruição bélica e punitiva, quando não são apenas comportamentos chauvinistas e xenófobos, aberrantes (e cá vem a palavra proibida "odiosos").
A cultura não tem chegado a todos.
Muitos episódios, de que temos conhecimento através dos noticiários (os meios de difusão e de comunicação também servem para isto), revelam um desconhecimento preocupante, por parte de populações urbanas de países desenvolvidos, do significado de igualdade, liberdade, direito e, pior do que isso, uma ausência de percepção ou sentimento de reciprocidade, negando a lógica inerente ao "meum et tuum", que sustenta o entendimento do respeito do indivíduo.
Esta lacuna é mais perigosa do que o buraco do ozono, mas não vi nenhuma comunidade científica a vaticinar tragédias.
quinta-feira, 3 de outubro de 2019
Democracia e boa governação
O estado crítico da matéria é um dos mais avançados estados que a matéria pode atingir.
No momento atual, quando me perguntam em quem vou votar, sinto um nó na garganta, porque penso que está instituída uma cultura de perseguição pelo voto.
Um pouco mais de "propaganda" e essa cultura deixaria cair a máscara e mostraria, com orgulho, o rosto de alguma máfia. Se eu estivesse metido no aparelho político não falaria assim, sob pena de me considerarem louco.
Mas a sacrossanta democracia paira, com a sua auréola, apesar da inaptidão dos partidos, que têm provado não ser dignos dela.
Todos a invocam, mas fazem-no porque transferem as suas incompetências e falta de ideias para governar, para o inequívoco potencial da democracia para proporcionar as condições para o melhor dos governos. Como se a democracia, por si só, resolvesse os problemas, ei-los à cata de votos. Mas isto é enganoso, é querer que as pessoas pensem que votar resolve os problemas. Mas os problemas que a democracia resolve, ou previne, não se confundem com os problemas que os partidos são chamados, mandatados, para resolver. Democracia não é garantia de boa governação. A boa governação não é possível com os partidos que têm governado. Lançaram o país num pântano e não têm ideias de como sair dele. Eles mesmos estão atolados, atados, acusados, descredibilizados, a precisar que os salvem através do voto. O voto, para eles continua a ter um valor inestimável. Para eles, porque, para o cidadão, só tem valor na medida em que tem valor para os partidos. O que era importante, que o voto tivesse valor porque podia resolver problemas, ainda não está ao alcance do voto. A democracia não tem culpa de não termos partidos com as soluções de que tanto precisamos. Não basta ficarmos a saber de que lado está a maioria. Falta concretizar políticas que sejam as melhores.
Um pouco mais de "propaganda" e essa cultura deixaria cair a máscara e mostraria, com orgulho, o rosto de alguma máfia. Se eu estivesse metido no aparelho político não falaria assim, sob pena de me considerarem louco.
Mas a sacrossanta democracia paira, com a sua auréola, apesar da inaptidão dos partidos, que têm provado não ser dignos dela.
Todos a invocam, mas fazem-no porque transferem as suas incompetências e falta de ideias para governar, para o inequívoco potencial da democracia para proporcionar as condições para o melhor dos governos. Como se a democracia, por si só, resolvesse os problemas, ei-los à cata de votos. Mas isto é enganoso, é querer que as pessoas pensem que votar resolve os problemas. Mas os problemas que a democracia resolve, ou previne, não se confundem com os problemas que os partidos são chamados, mandatados, para resolver. Democracia não é garantia de boa governação. A boa governação não é possível com os partidos que têm governado. Lançaram o país num pântano e não têm ideias de como sair dele. Eles mesmos estão atolados, atados, acusados, descredibilizados, a precisar que os salvem através do voto. O voto, para eles continua a ter um valor inestimável. Para eles, porque, para o cidadão, só tem valor na medida em que tem valor para os partidos. O que era importante, que o voto tivesse valor porque podia resolver problemas, ainda não está ao alcance do voto. A democracia não tem culpa de não termos partidos com as soluções de que tanto precisamos. Não basta ficarmos a saber de que lado está a maioria. Falta concretizar políticas que sejam as melhores.
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