sexta-feira, 20 de abril de 2012
Todo o bem que te fazem
As luzes da cidade
não me deixam ver as estrelas
são como velas
que alumiam
o caminho para o céu
A chama dos pensamentos
É uma estranha dança ao espelho
Com música e tambores
Que nos ignoram
Se o pensamento é caótico
mais inábil do que o instinto
a saída
do labirinto é
(como penso)
o que sinto
Não te canses de perguntar
se as coisas têm de ser como são
se podes retribuir aos burros
todo o bem que te fazem.
sexta-feira, 6 de abril de 2012
Começar do zero
Não consegues regressar
para recuperar o que perdeste
e não querias
para fazeres o que não fizeste
por não saberes
ou porque não podias
não consegues esvaziar a mente
da tristeza
das derrotas
e das vitórias
não colheste alegrias
não foste capaz de amar
por não achares quem mereça
o sonho
sonhar sonhaste
com nada do que aconteça
a vida é sonho
paralelo à morte
tempestades
em que ninguém se salva
não consegues imaginar como será
como seria
a felicidade de um novo dia
se o mundo nunca tivesse existido
para a alma
começar do zero.
sexta-feira, 23 de março de 2012
O nojo
Encontrei um tipo a vomitar
a própria sombra,
no candeeiro da esquina
da avenida do Ar com a rua do Mar,
em frente à taberna jaguar
pensei
o que fazer quando as palavras enojam e tudo à volta delas?
A maior mer.. é a mer.. impingida como se fosse outra coisa ou,
pior ainda,
como se não fosse mer.., ou,
ainda mais, como se fosse coisa boa.
Se estas palavras enojam, não há remédio.
O remédio “não leias” é um veneno.
Um bom remédio não é possível.
Enquanto as palavras não te enojarem de morte,
serás um grande ignorante.
À medida que te fores enojando,
serás um ignorante cada vez mais pequeno,
até não seres nada
reflecte
lê
fala. Escreve.
Vale a pena.
A pena.
Agora,
entra o retórico em palco
e até o oxigénio imprescindível para respirar se torna asfixiante.
Estado de coma.
O oxigénio do retórico é o coma dos outros.
Cuidado com a retórica.
Perigo de morte. Afasta-te.
Cague com classe!
Que arte?! C… com classe.
Borrar com classe.
Classe. Escrever…mer...
Escrever com…mer...
A mer.. é o menos, é o nada (que existe).
Escrever é que é.
terça-feira, 13 de março de 2012
A estas horas
São onze horas
mas isto nada me diz
se fosse madrugada
talvez eu estivesse
acordado
como uma estrela
a vigiar o sono do
mundo
para que ninguém
morra
de improviso
ou de solidão
mas a estas horas
o meu cão
dorme ao sol .
sábado, 10 de março de 2012
Ouvir a chuva
No meio daquele barulho todo
daquela gritaria
da multidão descontente
o poeta ou---via
a chuva a fustigar os rostos
e os peidos de sua excelência
zarpando
num bólide
que não era seu
e chamou a poli---cia
mas só a poesia
compareceu.
daquela gritaria
da multidão descontente
o poeta ou---via
a chuva a fustigar os rostos
e os peidos de sua excelência
zarpando
num bólide
que não era seu
e chamou a poli---cia
mas só a poesia
compareceu.
domingo, 4 de março de 2012
Nada se assemelha
O céu e a terra
se o meu pensamento
os fosse
mas não é
nem se assemelham em
nada
como nada se
assemelha
às casas
entre o horizonte e
as memórias
que não dão poiso.
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
Roda
que nunca poderei esquecer
que começou bem
a contar dinheiro
como habitualmente
no décimo andar
do banco
assistindo
ao nascer tímido
do sol
ouvindo os sinos
da catedral
entoando uma oração
graças a Deus
mais um dia
que não acabou mal
a escrever neste portal
o dia da morte do herói
desconhecido.
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
O que eu penso
O que eu penso
não me importa muito
de qualquer modo
sou louco
louco por pensar
que o sou
não é pouco
mas não basta
pensar
como é frágil o barco
em que não vou
como é duro escrever
com remos.
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