sábado, 19 de abril de 2014
Começar e acabar
Começas de uma forma
E acabas da forma como começaste
Tu não envelheces nunca
Por isso é que não envelheceste
Olhas de um modo fixo
Não como se tivesses morrido
Mas como se morresses eternamente
Se dessem a uma mãe um bebé assim
Ela enlouquecia
Tu só não rejuvenesces
Porque foste sempre o começo da idade
Em ti nada acontece
O tempo não é
Se não
Tenho a certeza
De que rejuvenescerias ao máximo
Ao ponto em que estás
Que é aquele em que todos e tudo
Depositaram a espera
Em que tudo e todos ainda
Não começaram.
terça-feira, 15 de abril de 2014
Livro-me de ser julgado
A minha ideia avança
Meu medo
Não é nenhum
A minha praia
Sou uma criança
Um por todos
E todos por um
Palavras
Faço com elas
O que me aprouver
Mas livro-me
De ser julgado
Pelo que disser.
segunda-feira, 14 de abril de 2014
Povoado de sombras
Está sol
E
Num grande largo povoado
De sombras
Um pregador sob uma árvore
Adverte em nome do bem
Como um sol que faz
Desaparecer sombras
No canto de lá
Um propagandista reclama
Liberdade
Como um sol que faz
Sombras.
E
Num grande largo povoado
De sombras
Um pregador sob uma árvore
Adverte em nome do bem
Como um sol que faz
Desaparecer sombras
No canto de lá
Um propagandista reclama
Liberdade
Como um sol que faz
Sombras.
quarta-feira, 9 de abril de 2014
Adega TóNel
No ponto mais setentrional das névoas perpétuas
No informe aglomerado de construções à chuva
Uma placa diz cidade e começam as galerias
De uma tarde na adega tonel
Que vai desembocar nesta folha de papel
E deparar sem saída com a porca
Das sete mamas de um cardápio virtual
Suspenso dos chifres de um bicho
De sete cabeças em espiral
Drapejando ruidosamente.
sábado, 5 de abril de 2014
E-lá-se-foi
Um pássaro lindo
Voou ao contrário
Sugado por uma lembrança
De caminho andado
Mão dada
Numa eterna dança
Entre invernos sem ilusões
Um gato à chuva
Lá se foi
Platão
Eva
E Adão
Num jardim
Que não conheceis
De rosas em vasos imaginados
Mas que estão mortas
Há muito
No chão
Para onde cospe
O vilão
E dejecta
O fanfarrão.
Voou ao contrário
Sugado por uma lembrança
De caminho andado
Mão dada
Numa eterna dança
Entre invernos sem ilusões
Um gato à chuva
Lá se foi
Platão
Eva
E Adão
Num jardim
Que não conheceis
De rosas em vasos imaginados
Mas que estão mortas
Há muito
No chão
Para onde cospe
O vilão
E dejecta
O fanfarrão.
terça-feira, 1 de abril de 2014
Não vá a cerveja acabar
Se não precisas do sentido das proporções
Para fruir
Para fazer arte precisas de algo mais
Do que cuspir
Cores e pensamentos
Ou notas musicais
Música pintura ideias e poemas
São algo mais
Que uma desordem
Ou uma ordem que te é imposta
Mesmo se forem o caos
Que não te obedece
Amálgamas são atrocidades
Cometidas contra a fragilidade
Do que arrebita
Sobre a estrumeira informe
Anunciando ao optimismo
A esperança
Enquanto o pessimismo
Dorme
Se souberes cantar
Canta
Não vá o mundo acabar.
domingo, 30 de março de 2014
Encontrei-te
Encontrei-te na multidão de mulheres que se despiam
Onde respirar a atmosfera dos seus seios
Vozes que lembrei mais tarde
Te pertenciam
Rostos que te dei
Desencantei-os
Partidas que nos deixam
Sem rodeios
A meio da discussão
Com o vento.
quarta-feira, 26 de março de 2014
Lema
Todo o poema
Não devia ser escrito de outra forma
Nenhum poema devia ser escrito
De forma diferente
E quem diz poema
Diz tudo o que é literatura
Nenhum poema está errado
Nenhum poema está certo
Certo ou errado
Não é coisa de poema
Nem de literatura
Nenhum poema está bem
Ou mal escrito
O poema é o que é
E não o que não é
Se alguém quiser escrever diferente
Pode
Mas isso é outra coisa
Se alguém comparar poemas
Pode
Mas para que serve comparar
Coisas diferentes
O valor de um texto literário
Não é tudo
Uma vez li um poema criativo
Mas não tinha mais nada
Outra vez
Li uma história originalíssima
Mas não tinha mais nada
Muitas vezes
Li textos cheios de erudição
E nenhuma literatura
Poemas com as filosofias
Todas excepto a minha
Mas não eram poesia…
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