A cultura partidária, clubística, religiosa, comercial, mercantil, não
escapam de uma determinante, que a todos entristece, ou exalta de euforia,
consoante as coisas sejam desfavoráveis ou favoráveis.
Essa determinante, que em minha opinião, só por si, já justificaria que não
há justiça privada (justiça privada é um contrassenso), é a mesma que faz que
alguém acredite que o seu Deus é mais forte que o dos outros, que justo é o que
lhe é favorável (o que for desfavorável é sempre injusto), que nenhum partido
esteja na política para promover as melhores escolhas e soluções, em geral e
abstracto, mas para impor as suas escolhas e soluções como sendo as melhores,
do mesmo modo que jogar é para ganhar.
E, quando se trata de inimigos, já nem é um jogo, mas uma guerra. Os
inimigos nunca têm razão. Esta mentalidade arcaica, no fundo, embora saiba que a
batota não faz parte do jogo e não a aceite, também está construída sobre a
constatação, ou a convicção, da sua inevitabilidade.
Por mais que a odiemos e haja a preocupação educacional de a mascarar com a
eloquência de grandes e belos princípios e leis e símbolos e hinos, templos e
basílicas.
Nascemos e crescemos a ser educados nas virtudes como se elas fossem
universais, mas cedo aprendemos que o egoísmo e a disputa pelos interesses é
que são a regra, são promovidos como ideologia estrutural, e até como um valor.
Assim, todos os árbitros são maus quando arbitram contra nós. Mas isso
também é o que faz deles bons para os outros, quando beneficiam da arbitragem.
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