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sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Por um mundo melhor

Apetece perguntar "quem pode dar-se ao luxo de estudar Humanidades?".
Ninguém melhor do que os estudiosos e versados em Humanidades para explicar porquê, como e quem, ao longo da história, se dedicou às Humanidades.
Mas há cientistas que, inevitavelmente, mergulham nesse imenso passado de estudo e investigação, para nos contarem histórias de escolas e de indivíduos, sábios do seu tempo, que estudavam e investigavam sem outro objectivo que não fosse o de conhecer, o de responder a perguntas, a maior parte das vezes, de meros problemas sem repercussões económicas.
O passado exerce sobre a nossa curiosidade um poder "gravitacional" tão intenso e tão forte que nem precisamos de ser convencidos da sua importância. Se o passado está prenhe de futuros que não aconteceram, também esteve prenhe de futuros que aconteceram e continua prenhe de futuros.
Vivemos uma era de inseminação artificial.
Os lunáticos que viviam obcecados com a observação e a explicação do espaço sideral não conseguiam trocar noites a fio, a localizar estrelas e constelações, por um saco de batatas. Acreditariam eles que estavam no caminho das importantes descobertas científicas que se concretizaram nos últimos séculos da nossa era?
Mas estavam a inseminar e, de algum modo, apostavam nisso, em vez de apostarem noutra coisa.
Comparativamente, os progressos do conhecimento das últimas décadas, ou séculos, foram uma explosão de "nascimentos", após uma inseminação, gestação de milénios.
Para explicar o mundo, um cientista ocupa mais de 2/3 do seu trabalho a descrever o objecto das atenções dos antigos e as dificuldades que encontraram e que não conseguiram resolver.
Não obstante, explicar o mundo, numa perspectiva da evolução da ciência, exige e impõe que se explique a parte não menos importante do mundo, que é o mundo propriamente dito, a humanidade, os fenómenos sociais, os factos sociais, a realidade social.
Em boa hora, Augusto Comte, Karl Marx, Herbert Spencer, Durkheim, Max Weber, entre outros, procuraram aplicar o método científico à investigação e exploração da realidade social.
Os governos de hoje, os parlamentos de hoje, os partidos de hoje, a visão do mundo de hoje, os programas e as agendas políticas, culturais, económicas e científicas, devem tanto ou mais aos revolucionários da análise e do pensamento sociológico dos dois últimos séculos, como a todos os seus predecessores juntos.
E estou convicto de que as Economias de hoje assentam maioritariamente na riqueza gerada pelas Humanidades, Artes, Espectáculo, Desporto, Comunicação, Entretenimento, Jogos, Lazer, Cultura, Saúde, Direito(s)...
Nenhum governo, em países democráticos, escapa ao poder e à pressão crítica de um mundo que quer moldar os governos e não aceita ser moldado.
Tudo, em princípio, está na disponibilidade do homem, excepto o próprio homem, que não é disponível por nada, nem por ninguém.
Esta condição humana é a fonte, diria, de toda a conflitualidade e da esperança num mundo, não apenas mais conhecido, mas melhor.

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