Vou ser breve e cingir-me a poucas considerações sobre um tema tão vasto e
complexo.
Ao focar apenas ofensas derivadas da liberdade de expressão/pensamento, omite-se e não se aproveita para a análise, a ofensa, como denominador comum relativamente a todos os tipos de crime, públicos ou particulares.
Ao focar apenas ofensas derivadas da liberdade de expressão/pensamento, omite-se e não se aproveita para a análise, a ofensa, como denominador comum relativamente a todos os tipos de crime, públicos ou particulares.
A ofensa, na óptica do ofensor/agressor e a ofensa, na óptica do ofendido, merecem uma
análise "per si".
Se não houver ofendido, não há ofensa? Ou, por
outra, se houver ofendido, há ofensa? Todo e qualquer comportamento de um
indivíduo "contra" uma pedra, não é censurável de todo? Qual é o
escopo da censura, o objetivo, a teleologia? O comportamento do indivíduo, a
adequação da sua conduta social ou os eventuais resultados, efeitos ou consequências
dessa conduta?
Mesmo que alguém admitisse, sem se queixar e sem se sentir ofendido, que o
maltratassem, injuriassem, difamassem, escravizassem, o busílis da questão
jurídica e ético-moral, não estaria apenas na disponibilidade dessa pessoa, como
parece óbvio.
A questão das bandeiras é ilustrativa de que o problema talvez não existisse se
as "ofensas" à minha bandeira fossem feitas por gente que,
igualmente, "ofendia" as suas bandeiras e aceitava/concordava que outros o fizessem.
Vou constatando é que os que mais ofendem as bandeiras dos outros também
são os que mais se ofendem com ataques às suas.
Em qualquer caso, o problema das ofensas é muito mais do que um problema de
sentir-se ou ser ofendido.
É sobretudo um problema de limites à liberdade.
Passa-se o mesmo com os atentados ao pudor.
Alguém que se julgue com o direito de c.... na rua, à vista, ou ir nu a empurrar um carrinho, ou f.... à canzana numa esplanada, até pode ter quem goste e quem aplauda, longe de se sentir ofendido.
Alguém que se julgue com o direito de c.... na rua, à vista, ou ir nu a empurrar um carrinho, ou f.... à canzana numa esplanada, até pode ter quem goste e quem aplauda, longe de se sentir ofendido.
Até se poderia pensar em propor às pessoas que escolhessem entre vários
espaços possíveis, como se faz para fumadores e não fumadores, etc..
Agora, o direito de a pessoa se sentir ofendida não existe.
O que há é o
direito de não ser ofendido.
Não me ofende quem pensa mal de mim.
Ofende-me quem o expressa, não no mero
exercício de uma liberdade de expressão, por mero gozo ou felicidade pessoal,
mas à minha custa, à custa da minha reputação, imagem, bom nome, felicidade,
paz, com o intuito de me prejudicar, ainda que só me prejudique no foro íntimo.
Não faz grande sentido que sejamos contemporizadores com a violência dos
ofensores como se esta tivesse o mesmo significado e valor/justificação da
violência dos ofendidos.
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