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sábado, 20 de abril de 2013

Tudo desaparece


Tudo desaparece
E eu
No escuro
Com as minhas fantasias
Que não são memórias 
Que memórias tenho poucas
De alguma luz
E pensamentos muitos
No meu barco a flutuar
Sem que o possa parar
Sem um destino 
Ou se o tiver
Não é meu
Nem sei
Que o meu destino
Se o souber
É que
Tudo desaparece 
E eu
Sou 
O que acontece 
À escala 
Minha e do barco em que vou
Que flutua mas não acorda
Nem adormece.


sexta-feira, 12 de abril de 2013

Há horas e momentos


Há horas e momentos
Que te sinto
Tão perto que te abraço
E tu não estás
E ainda assim
Imagino como és doce
Sorris 
E os beijos
Que és capaz

Há horas e momentos
Que te sinto
Tão longe mas tão certo
Que virás
Que canto e danço
E brinco
Como imagino
Que serás


Há horas e momentos
Que me sabem
À mínima distância
Entre nós 
Ir além de ti
O que separa
Nem tempo tem
Para o conseguir


Há horas e momentos
Que me sabes
Mais quente
Que a promessa
Que farás
Mais presente de futuro
Se a razão do tempo

Tanto faz

Há horas e momentos
Cruciais
Causa(dores) do universo
Em expansão
De tão plenos
Da falta que me fazes
Senão de ser humana
Esta paixão

Há horas e momentos
Tão profundos
Fechados em abismos
Tão carnais
Que a alma
Em ânsias de refúgio
Ecoa juramentos
Imorais

Há horas e momentos
Que contemplo
À sombra das aves
Que passarem
A solidão
Sem exemplo
Dos sonhos
Me abandonarem.



domingo, 24 de fevereiro de 2013

Mas o meu poema agora é outro


Não me falta a música íntima
nem a emoção que renasce
das cinzas
tenho memória ínfima
mas lembro tanto
que o agora imenso
é muito mais do que sou
entre margens de um rio
que as não tem
eu canto.

sábado, 19 de janeiro de 2013

Sinto que fui longe de mais



É no regresso
às origens
à terra mitológica
da infância
que eu sinto
que fui longe
de mais
na distância
e é por isso
que não consigo
regressar
aonde eu penso
que ficou
a ânsia de voltar
quando decidi
deixar para trás
quanto possuía
e parti
para o desconhecido
com a alma
cuja solidão
desconhecia.


domingo, 6 de janeiro de 2013

Ao luar


Ao luar
tudo é sonho
e tudo é verdade
triste
de uma saudade
que ninguém disse
o rio é sonho
o barco é de ouro
triste
a cidade em que me despedi
já não existe.


sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Canção do que cansa


A dança
quem não dança
esperança
cansa 
razão
mais do que não
amar
cansa
descansar
viver 
contar 
dinheiro
comer beber dormir fugir sofrer
ganhar 
perder
cansa
não pensar

mas pensar
cansa.


quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

O tribunal


O tribunal ruiu
o hospital pediu 
socorros
ninguém acudiu
o mecânico de automóveis
quis telefonar
não conseguiu
o restaurante 
não abriu
a  mercearia
o banco
as ruas estavam inundadas
as lojas submersas
os candidatos à presidência
passaram
de gôndola veneziana
com espírito de sobrevivência
tanta gente a sofrer de amor
e de falta de amor
vidas e famílias desfeitas
a penar
milhares de poetas
nas nuvens  
na lua
ao luar
neste momento
a noite progride
a grande velocidade
o cansaço não se compadece.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Vi ouvi ora viu ouviu


O privilégio que deve a Deus
recordar o bom que viveu e imaginou
enquanto desce ao poço do inferno
da restrita visão
da lanterna que treme
luz
na escuridão
é privilégio
e dom
ouvir um rio que não
se vê
e muito bem conheço
sentir um frio
que eu próprio arrefeço
pensar que não mudei
o mundo
para melhor
do que mereço
se fez de mim o que sou
não me conheço.