Hoje foi um dia para esquecer que nunca poderei esquecer que começou bem a contar dinheiro como habitualmente no décimo andar do banco assistindo ao nascer tímido do sol ouvindo os sinos da catedral entoando uma oração graças a Deus mais um dia que não acabou mal a escrever neste portal o dia da morte do herói desconhecido.
Voltei à margem
e nem sabia que havia margens
mas voltei à margem
depois de adormecer numa véspera
de inverno
embalado pela valsa de uma mentira
que dançava num ermo
com o diabo
ou era a noite a arrastar
o dia
para o inferno
a perguntar
porque te perdi
e não esqueci
se nunca se encontra
o que se quer.
E como eu e como tu
dizia ela
há pessoas que se dizem
mortas
e há pessoas que dizemos
vivas
sem coração
janelas absortas
de casas voadoras
de altivas portas
nos tempos
e contratempos
da imaginação
como eu e como tu dizia
sem filosofia.
O céu e a terra não te são suficientes mas terás de te conformar? O presente não é tudo o que precisas e o passado continua a assombrar? O futuro não te deslumbra mais mas há razões para esperar? Sentes que tudo poderia ser melhor mas estás a sonhar? Não perdeste tudo o que tinha valor e tens muito para recordar? Sabes distinguir uma pessoa de um objecto Ou continuas a tactear? Não compreendes nada do que acontece mas fazes por te orientar? Os acontecimentos ultrapassam-te E não os consegues acompanhar? Tudo pode ser melhor mas a tendência é para piorar? Há quem diga que está tudo como sempre mas tu poderás mudar?