Sabemos quais são as
verdades que contam
as dores e as
alegrias de que é feita a vida
e é por elas que nos
sujeitamos na esperança
sempre traída
de nos deixarem viver
de verdade
de não precisarem de
nós
para levarem de
vencida
a maldade
sabemos que não nos
deixam em liberdade
nem depois de
aprendermos a obedecer
convenientemente
porque há um preço
para a vida
e para as verdades da
vida que contam
as dores e as alegrias
de que é feita a vida
e é por elas que nos
sujeitamos na esperança
sempre traída
que nos desvanece o
sonho
as verdades não
chegam para viver de verdade
não nos roubem a
verdade
enquanto nos iludem
com verdades.
1 comentário:
No poema não estou a pensar em Cristo, nem em religiões, nem em filosofias, nem em ideologias, nem em virtudes ou defeitos morais.
Não vou complicar as coisas, porque isso não ajuda. No poema as verdades são as dores e as alegrias, é o bater com a cabeça, receber um abraço, ser assassinado, lançar uma bomba, destruir países...
A verdade do poema é a outra, que nos é roubada. A natureza (não incluindo aqui o homem) não rouba nada. Se estabelecesse um paralelismo com o Direito e a Justiça, diria que há o direito e a justiça que se fazem e o Direito e a Justiça que não deixam fazer...
Há quem ache que esta é a nossa fatalidade animal, cultural, social, histórica e que, como Édipo, quanto mais lutarmos contra o destino, mais estamos a cumpri-lo.
Eu não me resigno a isso.
Para mim, o destino é aquilo que não está, nem esteve, nas nossas mãos.
Mas há imensas coisas que estão nas nossas mãos.
Talvez esta seja a Verdade (do poema).
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