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sábado, 13 de junho de 2009

Beleza demolidora

Há uma verdade evidente num zumbido de vespa
(era uma scooter)
Interrompeu a sesta
Que parece fugir a qualquer controle
Há uma verdade evidente em tudo o que dizes
A preceito descapotável
Singrando de peito enfunado
Em sentido contrário
Ao do vento
Uma visão de todos os dias
(O tanas)
Era um portento
Uma beleza demolidora
De clichés inerentes
(Em voga)
Sem método e sem sustentáculo
Em vocábulos desaparecidos
Que regressaram à vida
(Dos poemas)
E desfrutam de respeito
Persistentemente à beira da metáfora
Tantas vezes desperdiçando o suor do rosto
A tentar evitar que o que aconteceu
Tivesse acontecido
Como passar a dura prova
Da infelicidade
Nenhum argumento é suficiente
Muito mais tarde
O arrebatamento é efeito de linguagem
Traçado peculiar de divisões
Que anunciam algo
Que não chega até nós
No meio de discussão infindável
Há quem ouça o eco de grandes almas
Ao acaso de ser poema
No declínio de duas ou mais eras
De poder corrupto
De amor ao dinheiro
De atrofia por insolência
E por ignorância laureada
Essas pitonisas emancipadas
Repertório de figuras
De ressonância sem sinceridade
Não pisam sequer o solo
Quanto mais um aposento délfico
Mas pronunciam sentenças
Austeramente simples
Sobre o futuro
Sem nenhum grau de codificação
Passado ou presente
Sobrepostos ou paralelos
Que perturbam a visão
Com a liberdade de regras
Destituída de atenção
E de predicados
Mas não de triunfo
E de desaire.

6 comentários:

Salete Cardozo Cochinsky disse...

E isso contece como um agora. O tempo de cada um em seus meios e circunstâncias.
Sentimos e pensamos, deixamos escorrer o mal e o bem que faz sucumbir como se as asas que nos fazem planar serenamente fossem apenas fantasias. O vise-versa.
Uma proposta sólida para reflexão.
Adentro-me nela.
Um abraço

OLHAR CIDADÃO disse...

Prezado Carlos

Analisar poesia é coisa que não me atrevo.

Poesia, versos eu apenas leio e sinto, e reflito, me sensibilizo e emociono.

Esses são os sentimentos que a beleza do seu trabalho fazem sentir.

Um abraço

Unknown disse...

Adjetivar a beleza é torná-la invisível. A beleza, assim, demolidora nubla tudo, nada mais aparece, o que está à mostra é suficiente para nos desconcentrar, para funcionar como uma scooter, lambreta ou flauta de Hamelim.
A imagem construída me traçou a espinha dorsal do caminho das belas palavras e dos clichês, a tentativa "de evitar o que aconteceu", e apareceu o hábito da ignorância laureada.
Peço minhas desculpas pela tentativa, a que não resisti, de adotar a poesia, e interpretá-la como se fosse minha.
É um hábito que a amizade desculpa.
Abraços.

João Esteves disse...

Chego ao presente Agora com a satisfação de verificar que a poesia continua a fluir, como no blog homônimo do extingo GO, onde vim a conhecê-lo.
Deparo com nada menos que "Beleza Demolidora" na visita de hoje. Claro que é tudo excelente, mas percebi nos seus estratégicos parênteses uma expressividade toda especial, aqui.
Parto perfeitamente recompensado.
Forte abraço, Carlos

Lau Milesi disse...

Lindos versos!!!! Palavras fortes e reflexivas.
Uma beleza de poema!!!
Um beijo e meus cumprimentos!!!

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