segunda-feira, 18 de abril de 2016
Vício de errar
Errar quem quer
se todos buscam acerto?
quem quer seguir caminho contrário
para longe
se o que procura
é perto?
quem se anima por ter-se perdido
se queria outro objetivo?
se a experiência ensina
que o erro é caminho
andado
para o acerto
quanto mais viciante é
ao buscar pedra
encontrar ouro
do que ao buscar ouro
encontrar pedra?
então por que o erro está
não em encontrar ouro
mas pedra?
sábado, 9 de abril de 2016
Todas as palavras são inúteis
A atmosfera repousante é o estímulo
que arranca de ti todos os sonhos reprimidos
julgas que já viveste na esperança o suficiente
para saberes
que a vida está do lado de lá de uma cortina
invisível e impalpável
mas que quase se sente
que te separa dos sonhos
menos do que uma linha
imaginária
não mais do que uma sensação incerta
de que tão pouco ou nada mais bastaria
(quando se fala em magia
não há quem não entenda)
tens todas as recordações para seres feliz
para que aconteça a esperança
que nem sequer sabes dizer
porque a esperança não é coisa
que possa ser.
domingo, 20 de março de 2016
Não me ensines a chorar
Tenho um respeito profundo
por quem morre de desgosto
não me ensines a imaginar
como se sobrevive
a tanta tragédia
a solidão tem contornos inimagináveis
nessa parte do mundo
que fica oculta
cá dentro de nós
onde ninguém vê
já me senti perdido
mas a maior tragédia não sei qual é
embora suspeite que seja
a dos outros
dos que morrem
e dos que vivem sós.
sexta-feira, 4 de março de 2016
Ladrões da alegria
Declinam as horas
e o relógio insone
às voltas
de olhos fechados
sem horizontes
e o relógio insone
às voltas
de olhos fechados
sem horizontes
os ladrões da alegria
já estão condenados
os sentidos
já estão condenados
os sentidos
o dia
o que sinto
o que existe
a fantasia
o olhar
de cada ausência
do que parece
do que parece
aguardar
surgir
da sua clausura
da sua clausura
como uma prece
com vontade
com vontade
futura
o silêncio
em que julgo ouvir
versos
que não escrevo.
que não escrevo.
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016
O rosto
De que falamos
quando
quando
falamos
de amor
de amor
de que ponto
da nossa
natureza
quando
o amor fala
estamos
suspensos de
que bem
o amor fala
estamos
suspensos de
que bem
lembrados
de que alianças
e esperanças?
sábado, 9 de janeiro de 2016
domingo, 3 de janeiro de 2016
O que importa e o que não
Dos olhos inundados
do momento
estremece
do momento
estremece
pensativa
a profundidade
do mar
na garganta
da vida
a afagar
a saudade.
a profundidade
do mar
na garganta
da vida
a afagar
a saudade.
domingo, 27 de dezembro de 2015
A danada da poesia
A danada da poesia
(como é danada)
água
(nunca estagnada)
em todo o lugar
tudo cria
(e tudo estraga)
penetra até ao fogo da terra
e queima
sobe até ao frio dos céus
e gela
pelo caminho ameno
anela
e silencia
para que se ouça o acontecer
desta feita
a poesia
a poesia
(indisposta com o simulacro)
do Natal
do Natal
que ama os bons
meteu-se com os que se fazem passar
por bons
(que odeia)
e acha que é imperioso ouvir mais
os outros maus
(que odeia menos que aqueles)
que não querem enganar.
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