Os animais, em geral, e o animal humano, em particular, são estruturas físico-químicas em interação com outras estruturas físico-químicas, que
resolvem tudo de um modo físico-químico, mais ou menos ruidoso, mais ou menos conflituoso, ou harmonioso, segundo reações de acomodação, incomodação, satisfação/insatisfação,
que nós constatamos serem efeitos/causas umas das outras, que não estão propriamente sob controlo, embora pela sua natureza nos apareçam como tal. Por exemplo, quando sete cães disputam um
osso, o emaranhado de causas e efeitos que se potenciam e estão por detrás da violência que podemos observar, não é nem mais nem menos descontrolado do que a calma que se segue ao facto de
o osso ter sido devorado. São apenas modos, ou formas físico-químicas de estar. Anular o apetite dos cães para ossos, se resolve algum problema, talvez crie outros.
Os humanos aprenderam que
os interesses e a partilha dos interesses se fazem pela físico-química, nomeadamente pela coacção e pela violência e que o exercício destas constitui a parte não menos importante
da organização social.
É efectivamente o resultado natural de escolhas que não podem deixar de ser feitas, num quadro de possibilidades, reais ou imaginárias, subjectivas, intersubjectivas,
ou objectivas, segundo critérios racionais de dever-ser.
Esta é a minha teoria, que julgo ser aplicável, aliás, a todo o tipo de acção, desde o pensamento mais simples, até
à conclusão científica, passando pelo juízo estético, ético ou moral.
A parte não menos interessante desta teoria, na minha óptica, é que ela considera a
escolha como a melhor (mesmo não sendo boa) e conduz a pensar, em geral, que, mesmo quando opta pela violência, o ser humano o faz na perspectiva de melhor.
Assim sendo, a humanidade, se não se aniquilar,
vai progredir inelutavelmente, até por força da natureza do determinismo físico-químico, que não tem outro modo de ser.
terça-feira, 1 de março de 2022
A minha teoria
sábado, 19 de fevereiro de 2022
Dar certo
Não digas que nada dá certo
Se com esta certeza nada podes
E se puderes
O mais certo é não o ser.
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022
O dinheiro do diabo
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022
O modo como o objecto molda o sujeito
domingo, 30 de janeiro de 2022
Subjectivo/Objectivo
quinta-feira, 27 de janeiro de 2022
A arte e a crítica (da arte)
Ninguém critica a pedra por ser o que é, ou a nuvem, ou o mar. Ninguém faz pensamento crítico das aves ou dos peixes. Ninguém tem sentido crítico das coisas que não são obra humana. As ciências da natureza, a física e a química e a mineralogia e a biologia...não têm uma palavra crítica sobre as coisas que estudam.
A crítica, o pensamento crítico, é sobre o humano cultural, sobre a produção cultural humana, a acção, incluindo a acção de manifestar pensamentos e ideias e sentimentos.
Mas a crítica também pode ser exercida, por exemplo, sobre os deuses, ou sobre Deus, por aqueles que acreditam na sua autoria de algo, ou de tudo.
A crítica é, assim, uma função, ou faculdade humana muito curiosa.
E é, das acções humanas, a que está, talvez, mais sujeita a crítica.
Não obstante, as obras de arte, que tanta crítica suscitam, em si mesmas, enquanto meras obras, não me parece que forneçam razões para serem criticadas. Se o são, talvez não seja por serem obras de arte, mas por aquilo que se diz delas, ou que elas dizem.
sábado, 22 de janeiro de 2022
Longe de tudo
Muito longe de tudo
as pessoas sentaram-se numas pedras
e alguém lembrou que ali tinha sido o lugar
de uma fonte medicinal
à sombra
ninguém estava com vontade de falar
todos infelizes por não poderem ouvir
senão um canto cansado
de pássaros a carpir
alguém falou em rebanhos
mas estava a sonhar
e muitos dos que ali estavam
fecharam os olhos
a olhar para dentro
de um lugar
muito longe
de tudo.