I
Como quem inicia o erro necessário
que a fará existir para além da beleza ideal
diz Isadora Azur
Já não me preservo na distância
na forma que não se toca
no gesto que não falha
fui templo mas não peregrina
o ideal foi meu modo de ordenar o caos
amar sem tocar foi o dom
que me protegia da vulgaridade
mas agora pressinto o custo do sublime
ele exige que eu seja escultura
que negue o tremor que me faria humana
quero que me desejem
não para possuir-me
mas para que eu exista fora da projeção
se o desejo me quebrar
que seja com poesia
que me quebre.
(Isadora Azur já não teme a manipulação emocional
porque prefere a vulnerabilidade
à perfeição sem resposta).
Carlos Ricardo Soares
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