Um dos pedintes mais bem sucedidos do burgo
costumava vestir-se como um valete, de que se arrogava o título. Abrilhantinava
a cabeleira e, com pose de alteza, porém lamuriando-se da sorte, pedia na rua, não
como um pobre, que não assumia ser, mas como um rico, que detestava de tal modo
o dinheiro gastando-o a rodos, que acabou por cair em desgraça. Nas lojas, onde
era acolhido, até com honras e mesuras, ouviam a sua triste história, quando o
trato que davam aos maltrapilhos era corrê-los porta fora. E todos, até os
pobres, se condoíam desse personagem, até saberem que era, simplesmente, um
pobre mas hábil ator, e logo se arrependiam de ter ajudado um farsante.
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