Deambulas
De suave fragor
De vagas
De mar
De verão
De olhos
De peixes fora de
água
De aves agora famintas
De teu pão.
Deambulas
De suave fragor
De vagas
De mar
De verão
De olhos
De peixes fora de
água
De aves agora famintas
De teu pão.
Há uma história recente para contar, desde o 25 de abril, que é a resposta à pergunta: "como a direita e os fascistas se têm vingado levando, pelas mãos da esquerda, um país livre à ruína, sabotando toda a economia e todos os apoios e toda a redistribuição de riqueza?".
O panorama empresarial português, sobretudo algumas empresas que passaram ou ainda estão na bolsa de valores de Lisboa, e não apenas no PSI20, ou 18, ou 15, podem ser boas pistas de investigação e de reflexão. Mas trabalham numa amplitude temporal que lhes permite passarem despercebidos aos radares "fotovoltaicos" da atenção conjuntural.
A direita percebeu muito bem que quem domina em ditadura domina em
democracia, a questão do domínio não é meramente política. Basta afivelar a
máscara no palco da tragédia.
Gostar de, ou não, ou desprezar, Shakespeare, Gil
Vicente, concordar ou discordar de Platão, Kant, contestar ou refutar Newton,
Einstein, ser apologista ou contra Karl Marx, venerar Beethoven ou Mozart,
adorar Deus ou renegar o diabo, não está ao alcance da veleidade e do capricho
de todos, como dizer sim ou dizer não, desta liberdade natural e essencial do
humano, e não está ao alcance de todos apresentar razões justificativas
consistentes e aceitáveis para o fazer.
O sim e o não, como nos referendos, são actos ao
alcance de uma cabeça que ouça e abane ou, para colocar uma cruz numa
quadrícula impressa num papel, de uma cabeça, mesmo que não saiba ler, com
olhos coordenados com uma mão, assinando de cruz o seu destino e o dos outros,
sem necessidade de fundamentar por que o faz.
Alguém o fará por eles.
O que ninguém fará por eles são as obras, que são de
quem as faz, apesar de sabermos que as obras, na realidade, pertencem a quem as
detém, ainda que não seja quem as tenha mandado fazer.
O mecanismo de correcção dos erros que tem conduzido a humanidade, de superação em superação, numa clara melhoria das suas condições gerais de vida e de organização social, tem os seus limites.
À primeira vista, seríamos levados, numa escalada de correcção de erros e de aprimoramento das escolhas, individuais, colectivas, nacionais, estaduais, supraestaduais, globais, a uma situação cada vez melhor, ressalvado o facto irremediável dos males perpetrados e dos erros sofridos.
No entanto, esta lógica parece deparar com uma realidade, que nunca tinha sido considerada, até que se nos impôs da forma mais brutal: há erros, mentiras e fraudes, alienações, loucuras humanas, ganâncias, megalomanias, ignorâncias e estupidez, que são tão graves e foram tão longe, que não é possível remediar ou corrigir as suas consequências e efeitos.
A humanidade não tem sido capaz de se autorregular suficientemente.
Pelo contrário, tem sido empurrada para o abismo por aqueles que se arrogam e autodenominam governantes. Governantes segundo os interesses e as conveniências dos gananciosos e estúpidos que têm exercido todo o tipo de violência sobre o mundo.
É evidente que o homem, a pessoa humana, nunca foi respeitada, nem tida na consideração devida pela sua natureza, mas apenas em função do seu poder. Mas isto tem sido a chave para a maldição que recorrentemente nos atropela e desbarata a todos.
Talvez ainda não seja tarde de mais para limitar os poderes
daqueles que não respeitam nada nem ninguém que não tenha um poder igual ou
superior ao deles.
Se ter razão fosse uma coisa muito importante, os maiores torneios e competições não seriam de futebol. A razão, ou por outra, a racionalidade, é a marca de tudo o que fazemos, não por sermos de natureza física, material, corpórea, de partículas, ou outro plástico qualquer, mas por sermos biológicos.
A racionalidade que é a característica dominante do humano, não é exclusiva dele e isso é nítido se observarmos o comportamento dos seres vivos e tivermos em mente o que é a racionalidade. O que é fundamental para superarmos o mito, com uma história trágica, de que o que é racional é bom e apenas o que é racional é bom, é verificarmos que a racionalidade tem o verso da verdade e o reverso do erro, ou vice-versa.
Racional é tudo o que “fazemos”, entendido isto como “acto”, consciente, voluntário.
Racional é o trivial humano. Podemos ser responsabilizados pelo racional, mas
não pelo irracional.
Aliás, por ser o erro racional, pelas
mesmas razões que a verdade é racional, é que a mentira e a fraude campeiam e
fazem o maior sucesso, em todas as áreas de actividade (acto) humana.
Para não me alongar sobre este tema que
muitos acharão chato, mas que eu acho central para promover uma mudança de
visão e de análise crítica da nossa cultura hiperdiscursiva, que a filosofia, ao tentar derrotar-se a si
própria, levará de vencida, afirmarei apenas que a verdade depende menos da razão
do que da percepção da realidade e que, qualquer método, ou estratégia, ou
técnica, que nos ajude a refinar a percepção das coisas e dos fenómenos, será
para nós uma vantagem, uma mais-valia, porque nos permitirá exercer a razão no
sentido da verdade e não do erro, da falsidade, da fraude e da mentira.
Assim se compreende, se outras razões
não houvesse, a importância crescente (e transcendente) das ciências e das
matemáticas, nomeadamente, na função de desencantamento e fixação dos factos.